A Jerónimo Martins, dona do Pingo Doce, registou, no primeiro trimestre deste ano, resultados líquidos atribuíveis de 140 milhões de euros, um aumento de 59,1% em relação a igual período do ano passado, segundo um comunicado divulgado ao mercado.
Na nota, publicada na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a empresa indicou que, no mesmo período, as vendas cresceram 23,4% para 6,8 mil milhões de euros.
De acordo com a Jerónimo Martins, nos primeiros três meses do ano, o EBITDA (resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) aumentou 20,1% para 446 milhões de euros, tendo a dívida líquida atingido os 1,8 mil milhões de euros, referiu.
“O grupo registou uma forte dinâmica de arranque de ano, alavancada no ‘momentum’ positivo das vendas, apesar de, nos primeiros três meses de 2023, o consumo se ter mantido pressionado pelos efeitos da inflação”, destacou, no comunicado.
“Ainda assim, importa referir que os comparativos face ao ano transato tornar-se-ão mais exigentes a partir do 2T 23 [segundo trimestre de 2023], à medida que a comparação se faça com valores de 2022 que incorporaram aumentos de preços alimentares progressivamente mais intensos”, realçou.
O grupo disse que, “face ao atual contexto”, a sua estratégia “mantém-se inalterada, com a competitividade de preços a assumir-se como variável ainda mais crítica para garantir a preferência do consumidor, proteger volumes e mitigar a tendência de ‘trading-down’ [produtos de baixo custo]”.
Na polaca Biedronka, as vendas em euros atingiram 4,8 mil milhões de euros, 26% acima do período homólogo, indicou a Jerónimo Martins, sendo que, neste período, abriu 17 lojas e remodelou 76 localizações. A marca Hebe, por sua vez, registou vendas de 93 milhões de euros, 29,5% acima do primeiro trimestre de 2022.
Em Portugal, “o Pingo Doce manteve o investimento em promoções fortes e relevantes para os consumidores, e as vendas cresceram 9,4% para os 1,1 mil milhões de euros”, indicou, sendo que neste período “abriu duas novas lojas e remodelou sete localizações”.
O Recheio, por sua vez, aumentou as vendas em 29,2%, para 295 milhões de euros, referiu.
Na Colômbia, as vendas em euros da cadeia Ara atingiram os 494 milhões de euros, 29,4% acima do primeiro trimestre do ano passado.
Segundo a Jerónimo Martins, o programa de investimentos neste período atingiu os 206 milhões de euros no período, dos quais 35% foram investidos na Biedronka.
“A inflação alimentar mantém-se alta nos três países onde operamos e continua a pressionar a confiança do consumidor e o poder de compra das famílias”, disse o presidente da empresa, Pedro Soares dos Santos, citado na mesma nota.
“Embora o ambiente de consumo evidencie sinais de deterioração, principalmente na Colômbia, a sua evolução dependerá da trajetória da inflação alimentar, dos preços da energia e dos combustíveis, e do comportamento das taxas de juro”, destacou.
“Continuaremos, como até aqui, comprometidos com ser uma força anti-inflacionária e absorver parte da pressão do aumento dos preços sobre os consumidores, ao mesmo tempo que trabalhamos para concretizar a nossa visão de longo prazo, implementando o programa de investimentos desenhado”, referiu Soares dos Santos.
Nas suas previsões para o resto do ano, a Jerónimo Martins reconhece que a inflação alimentar se manteve “elevada no início do ano e com apenas ténues sinais de abrandamento”.
“Embora se espere desinflação para este ano, sobretudo no segundo semestre (quando os comparativos com o ano passado já incorporarem a acentuada subida de preços registada ao longo de 2022), é, neste momento, ainda difícil antecipar o ritmo e profundidade que assumirá essa redução da inflação”, indicou o grupo.