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– 19-03-2005 |
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Alto Minho : Seca p�e � mostra aldeias submersas pelas barragensViana do Castelo, 18 Mar "Nunca vi a barragem do Lindoso com t�o pouca �gua", confessa � Agência Lusa Ab�lio Imperadeiro, um pastor que no domingo completa 68 anos e que agora tem que redobrar a vigil�ncia para evitar que os animais aproveitem o "baix�ssimo" caudal do rio para fugirem para a outra margem. Mas a seca acarreta outra grande dor de cabe�a para o pastor, j� que, volta e meia, o obriga a ir até ao monte "levar qualquer coisinha" para os animais comerem, porque os pastos estáo secos e as suas vaquinhas "não são de se contentarem com pouca comida". Junto �quela barragem, constru�da h� cerca de 12 anos, as aldeias que ent�o ficaram submersas ainda não estáo � mostra, mas Ricardo Miranda, gerente de um caf�/restaurante situado mesmo ali ao p�, garante que, "por este andar", não demorar� muito até se poder voltar a ver aquilo que as �guas engoliram. "� a primeira vez que vejo isto t�o baixo", conta, garantindo que nas últimas semanas são muitos os forasteiros que demandam aquelas paragens levados pela curiosidade e pela possibilidade de reavivarem mem�rias e viv�ncias de tempos idos. Se ali ainda não se pode ver o que o mar submergiu, o mesmo j� não acontece um pouco mais acima, poucos quil�metros depois da Fronteira da Madalena, junto � barragem de Vilarinho das Furnas, onde as velhas casas de pedra das antigas aldeias estáo hoje completamente � mostra. Mas não � preciso ir t�o longe para se constatar que, este ano, o rio, de facto, "corre seco": a menos de um quil�metro a montante da barragem do Lindoso se encontra a velha ponte sobre o rio Cabril, um afluente do Lima, que raramente está vis�vel mas que nos dias de hoje se pode atravessar perfeitamente, sem problema nenhum, j� que se apresenta em perfeito estado de conserva��o, como se nunca tivesse estado submersa. "Olhe, por acaso ainda h� dias atravessei essa ponte de carro", refere Ab�lio Imperadeiro. Inaugurada em Março de 1993 pelo ent�o primeiro-ministro Cavaco Silva, a barragem do Lindoso está neste momento a atingir os n�veis de armazenamento de �gua mais baixos de sempre. Dados do Instituto da �gua (INAG) referem que no final do m�s de Fevereiro o volume da armazenamento se situava nos 38,5 por cento, quando a média de armazenamento daquela albufeira � de 62 por cento, o que significa que os valores actuais são quase metade do que seria normal. Neste momento, estar�o ali armazenados 150,2 milhões de metros c�bicos de �gua, sendo preciso recuar até ao in�cio do Inverno de 1988 para se encontrar valores t�o baixos, quando os n�veis de �gua desceram até aos 115 milhões de metros c�bicos. Os n�meros falam bem da seca que assola a regi�o e que está a deixar os agricultores � beira de um ataque de nervos. Rosamel Venade, 59 anos de idade, residente em Campos, Vila Nova de Cerveira, com 20 hectares de terreno e cerca de 70 animais para alimentar, confessa que � com "grande preocupa��o" que olha para o futuro imediato, perante "o Inverno mais seco" de que tem mem�ria. "J� estou a comprar palha de Espanha e a gastar a silagem que em princ�pio me daria para o próximo Inverno. Ou vem um Ver�o com muita chuva, ou ent�o não sei como vai ser", refere. A aveia e a erva que Rosamel Venade semeou no seu terreno deveria agora come�ar a ser cortada mas continua "agarrada ao ch�o". Daqui a pouco, chega a �poca de semear o milho mas, se o tempo continuar seco, "o melhor � não fazer nada, porque será dinheiro deitado fora". "Acho que o Governo deveria olhar por esta regi�o, mas não sei. Se calhar, resta-nos mesmo ter f� nas chuvas de Ver�o", desabafa. Orlando Gon�alves trabalha na terra h� 20 anos, � presidente da Associa��o de Agricultores do Vale do Lima e diz, sem papas na l�ngua, que se h� regi�o que justifica o estado de calamidade, essa regi�o �, inequivocamente, o Entre-Douro-e-Minho. "O drama da seca � muito maior na nossa regi�o do que, por exemplo, no Alentejo, j� que a agricultura deles � de sequeiro e a nossa de regadio, ou seja, ressente-se muito mais da falta de �gua", explica. C�ustico, Orlando Rodrigues aponta o dedo "aos altos dignit�rios" da agricultura da regi�o, dizendo estranhar que permane�am "quedos e mudos" perante o drama que assola "os profissionais do campo". H� um ditado que reza que "em Abril, �guas mil". Os agricultores do Alto Minho conhecem-no. E querem muito acreditar nele, este ano mais do que nunca…
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