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– 29-11-2002 |
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Aljustrel : Explora��o com 50 milhões de minhocas aposta na produ��o de h�musErvidel, Aljustrel, 28 Nov Manuel Monteiro tem, desde Agosto de 2001, segundo alega, a �nica explora��o de "minhocultura" existente em Portugal, localizada em Ervidel, Aljustrel, junto � barragem do Roxo, e está apostado em demonstrar que as minhocas, ao contrário do que muitos pensam, são �teis. "Desde pequeno que percebi que a minhoca era um bicho cobi�ado por todas as aves e peixes. Logo, � porque � �til e bom", relata, em declarações � agência Lusa. Militar na reserva, este natural de Tr�s-os-Montes, mas residente em Sintra, come�ou por estudar h� mais de duas d�cadas o processo de fabrico de h�mus de minhoca, revitalizador da terra e cem por cento natural, e acabou por desenvolver uma aut�ntica paix�o pela área. "Gosto de apreciar como se desenvolvem e consegui definir qual a alimenta��o que mais lhes agrada. Sei logo ver se uma minhoca está bem alimentada ou não", garante. Sem olhos nem patas, a minhoca pertence ao grupo dos invertebrados anel�deos e possui um sistema muscular muito desenvolvido que lhe permite executar movimentos em todos os sentidos. Enquanto escava galerias na terra, o min�sculo bicho, que em média atinge os seis cent�metros de comprimento e pesa uma grama – quando adulta -, devora "grandes" quantidades de matéria decomposta e qualquer res�duo orgúnico que, transformado nos seus intestinos, são expelidos sob a forma de h�mus de minhoca. "Elas absorvem o alimento pelos poros e expelem um produto sem cheiro e com 21 componentes, todos naturais. � bom para a terra porque devolve-lhe os componentes que foi perdendo", explica Manuel Monteiro, para demonstrar as vantagens do h�mus face aos adubos artificiais. Enquanto conversa com a repôrter da Lusa, no monte da Cha��a, onde instalou a empresa de produ��o de Bionutriente, nome de registo do produto, Manuel Monteiro vai dando olhadelas aos funcion�rios. Actualmente tem seis trabalhadores neste neg�cio, todos de origem ucraniana: "este � um sector com futuro, mas a m�o-de-obra local não tem iniciativa e s� quer fazer as tarefas que lhe mandam", queixa-se. Os mais de 50 milhões de minhocas que det�m actualmente – sempre em crescimento devido � reprodu��o – estáo distribu�das por sete "camas", cada uma com 50 metros de comprimento por tr�s metros e meio de largura e cerca de um metro de altura. As "camas" são feitas de esterco de gado, que vai sendo colocado em camadas, no m�nimo, uma vez por semana, regadas diariamente, do qual as minhocas californianas, esp�cie utilizada por Manuel Monteiro, se v�o alimentando. "Tenho o ch�o cimentado e está tudo com luzes, que se ligam � noite, para que não venham � superf�cie. Senão fugiam e era minhocas pelas paredes e por todo o lado", sublinha, ao mostrar o espaço. Estes bichos hermafroditas reproduzem-se através do enlace dos corpos e produzem um ovo de sete em sete dias, do qual nasce nova minhoca passados 15 dias: "vou ver se lhe consigo fazer nascer uma minhoca na m�o", promete. Apressando-se a retirar uma por��o da "cama" em busca de ovos, não muito maiores que uma grainha de uva, acaba por desistir e ficar satisfeito quando encontra "duas minhocas a fazer amor": "não tenha nojo. são bichos muito limpos", diz. Desde que se estabeleceu na zona da barragem do Roxo, com um investimento pr�prio que j� ronda os 60 mil contos, Manuel Monteiro j� extraiu umas boas toneladas de h�mus e prepara-se agora para a segunda produ��o, na ordem das 1.500 toneladas. "Levou muito tempo a montar tudo e cada produ��o leva quatro e cinco meses antes de ser retirada. Agora as instala��es j� come�am a ser pequenas, pois o h�mus tem de ser sempre seco sem apanhar vento, chuva ou sol", conta. Para conseguir retirar o h�mus sem matar as minhocas, que carinhosamente classifica como "as trabalhadoras de armas que produzem riqueza", este agricultor desenvolveu um sistema baseado em tr�s processos: electrúnico, catalizador e o do desprezo. A minhoca � levada a deslocar-se para onde Manuel Monteiro quer, por forma a deixar livre certa quantidade de h�mus, através de um sistema de electrifica��o instalado na "cama". Os outros dois processos são mais engenhosos e fruto da aten��o de Manuel Monteiro, que descobriu, durante as suas investiga��es, que o min�sculo bicho � extremamente guloso. "Adoram borras de caf�, cacau deteriorado, farinha de milho ou a��car amarelo", indica o respons�vel, atestando que os utiliza como catalizadores. "Ponho essas coisas por cima do esterco, elas sobem � superf�cie e, como ficam amontoadas, posso retirá-las com uma forquilha. Ou ent�o, � pelo desprezo, quando coloco os catalizadores no corredor e elas são obrigadas a vir procurar a gulodice", frisa. Desta forma, o h�mus j� capaz de ser comercializado � retirado e transportado para um outro pavilh�o, onde � seco e depois crivado numa m�quina, para o separar das part�culas indesej�veis. O bionutriente produzido por Manuel Monteiro � vendido sob a forma compacta ou l�quida, em garrafas de soro, podendo ser utilizado nos campos agr�colas e em outros terrenos, como relvados, jardins ou mesmo vasos de flores. "Os campos de futebol do Sporting, Benfica ou Belenenses levaram todos h�mus feito por mim, para recompor rapidamente o relvado", diz. Uma das vantagens em rela��o aos produtos qu�micos, segundo sublinha, � que o h�mus "� logo aceite pela terra, não a agredindo e não necessitando de tanta �gua, como o artificial, para ser dilu�do". A minhocultura j� esteve muito em voga no in�cio da d�cada de 80, depois de introduzida em Portugal pelos espanh�is, mas, segundo Manuel Monteiro, "os mais de tr�s mil produtores que se meteram nisso" não tiveram olho para o neg�cio". "Os espanh�is fizeram um neg�cio da China. Quiseram foi vender as minhocas e não explicaram �s pessoas como produzir", contesta. Apostado em demonstrar que o h�mus de minhoca � um produto "de futuro", Manuel Monteiro espera reaver o investimento aplicado no espaço de "poucos anos" e j� está mesmo a estudar novas formas de utilizar as minhocas. "Estou a pensar em utilizar a minhoca para fazer farinha, para consumo animal e humano", avan�a. O projecto ainda está em fase embrion�ria mas Manuel Monteiro j� produziu alguma para análises e garante que esse tipo de farinha tem 85 por cento de prote�nas. "At� j� dei a provar a algumas pessoas e garantiram-se que sabia a lagosta. S� a� � que lhes revelei que era feita de minhoca", relata, com um sorriso nos l�bios.
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