Presidente da Associação dos Portos de Portugal afasta a possibilidade de um problema de abastecimento de alimentos, matérias primas ou energia no país, nos próximos meses. Outra coisa é o preço pago pelos bens e serviços. Aqui nada está garantido, avisa José Luís Cacho.
José Luís Cacho, que é também presidente da Administração dos Portos de Sines e do Algarve, defende ainda uma nova estratégia energética para o país, com Sines a servir de porta de entrada do gás para toda a Europa. Garante que o porto alentejano pode voltar a servir uma central a carvão, se necessário, e lembra ao novo Governo as prioridades para o setor.
Disse recentemente que Portugal pode ser a porta de entrada do gás para a europa. Não é a primeira vez que se coloca esta possibilidade, mas tem sido sempre adiada. Acha que é agora que avança, estão reunidas as condições?
Quando falo em Portugal, falo pelo Porto de Sines, que dentro de uma estratégia de diversificação do abastecimento de gás à Europa pode também dar o seu contributo, através da possibilidade que tem de receber gás natural e injetar, eventualmente num pipeline ibérico, que já existe. Precisa de alguns investimentos. Depois de ligado à França e aos restantes países da Europa, pode dar o seu contributo.
Quando fala em investimentos, são obras? De que tipo e para quanto tempo?
Nós temos atualmente uma infraestrutura que abastece quase a 90% ou 100% o mercado nacional. O pipeline ibérico também tem ligações, por pipeline, à Argélia, através do Mediterrâneo. Sines e eventualmente os portos ibéricos no seu todo poderão dar um contributo, com esse gás natural que venha da Argélia, que se estima em cerca de 20% das necessidades europeias.
Estamos a falar só da Argélia ou podemos receber também gás de outras origens, através de petroleiros, como dos Estados Unidos?
A Argélia tem a vantagem do pipeline.
Nós depois podemos receber de qualquer país do mundo que produza gás natural. Naturalmente que os Estados Unidos, como importante produtor, está interessado, como já o manifestou aquando da visita do Secretário de Estado do Comércio, à cerca de dois ou três anos, a Portugal.
Que impacto é que teria nos preços, este gás fornecido por petroleiros?
Isso não posso dizer. Os preços são fixados numa bolsa de mercado.
E para Portugal, em termos económicos, que impacto teria esta estratégia energética?
É mais economia para o país, depois espera-se que […]