Depois da Páscoa, uma denúncia começou a circular no Twitter: 200 moldavos estavam a ser explorados em Serpa. Segundo a mesma informação, trabalhariam no campo sem o mínimo de condições. O Expresso foi até Vale de Vargo e o que encontrou foi uma comunidade integrada e com a documentação legal. “Ninguém se queixa por isso é que continuamos cá. O que ganho num dia, precisava de três na Moldávia”, diz um dos trabalhadores. Nem o SEF nem a GNR receberam queixas relacionadas com exploração laboral naquela aldeia. O que se afigurava como um caso de escravatura contemporânea poderá não passar de queixume entre vizinhos. A GNR tem registo de 12 denúncias relativas a “situações de ruído de vizinhança”.
Maxim tem 14 anos. O formato do rosto é igual ao do pai, tal como os olhos pequeninos e mais rasgados. O tom, entre o azul e o verde, foi buscá-lo à mãe. Por agora, ainda continua a ter vivido mais tempo na Moldávia que o viu nascer do que no Alentejo que se tornou a sua casa há cinco anos. O português que Maxim fala tem um jeito cantado, ritmado e repleto de verbos no gerúndio. Dos cinco filhos — um deles ainda na barriga da mãe — de Serguei e Alesea Dornea é, talvez por ser o mais velho, o que está mais à vontade na aldeia. Percorre Vale de Vargo, em Serpa, de uma ponta à outra de bicicleta.