O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, defendeu hoje que a Rússia terá “sentido que o mundo não aceitaria” que bloqueasse o acordo de exportação de cereais dos portos ucranianos, hoje prorrogado por quatro meses.
Blinken realçou que a maioria dos líderes que participaram na reunião do G20 esta semana na ilha indonésia de Bali enviaram ao Presidente russo, Vladimir Putin, “uma mensagem clara de que ele deveria estender a iniciativa de cereais do Mar Negro”, cujo prazo expiraria no sábado.
“A Rússia voltou a ouvir (a mensagem) e aparentemente sentiu que o mundo não aceitaria a rejeição de Moscovo ao acordo”, disse Blinken durante uma conferência de imprensa em Bangkok antes da cimeira dos líderes da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC, na sigla em inglês), que se inicia na sexta-feira na capital tailandesa.
Após o acordo, seis navios deixaram hoje os portos ucranianos e reabriram o corredor que havia sido acordado entre Moscovo e Kiev em julho e que foi suspenso no fim de semana passado pelo Kremlin.
Em princípio, o pacto expiraria em 19 de novembro, pelo que as Nações Unidas (ONU) e a Turquia, que fazem parte da coordenação e supervisão do acordo, têm mantido intensas negociações com a Rússia e a Ucrânia para estendê-lo.
Apesar de felicitar a decisão de Putin e o “sucesso diplomático” da ONU e da Turquia, Blinken acusou o Presidente russo de “continuar a ignorar os apelos globais para a desescalada” do conflito na Ucrânia.
O secretário de Estado norte-americano sublinhou ainda que a Rússia, tendo iniciado a guerra, é responsável pelo “trágico incidente” da queda de um míssil na Polónia, que matou duas pessoas na terça-feira, e que os Estados Unidos atribuíram às defesas antiaéreas ucranianas.
“Temos o compromisso de acompanhar os factos. Mas o facto mais importante é que, independentemente dos detalhes (sobre a investigação) desse incidente, a Rússia é responsável pelo que aconteceu”, afirmou.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas — mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.557 civis mortos e 10.074 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.