O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, saudou hoje os esforços do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pela paz na Ucrânia e pela segurança alimentar no mundo, após um encontro entre os dois em Madrid.
Sánchez transmitiu a Guterres “o apoio de Espanha aos esforços do sistema das Nações Unidas para pôr fim à guerra na Ucrânia e para aliviar a situação de insegurança alimentar mundial originada pela agressão russa”, segundo um comunicado do Governo espanhol.
Por outro lado, o líder do executivo espanhol, segundo a mesma nota informativa, “reafirmou durante o encontro o compromisso de Espanha com a Cimeira do Desenvolvimento Sustentável que se celebrará em setembro”, coincidindo com a presidência espanhola do Conselho da União Europeia (UE), no segundo semestre deste ano.
Segundo um comunicado do gabinete de António Guterres, o secretário-geral ONU “agradeceu o apoio ativo de Espanha às Nações Unidas e ao multilateralismo” na conversa com Sánchez.
Além da guerra e das questões relacionadas com a exportação de cereais ucranianos e de produtos alimentares e fertilizantes russos, Guterres e Sánchez abordaram hoje “as situações no Médio Oriente, Afeganistão e Saara Ocidental”, os “desafios atuais para alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável” e as iniciativas da ONU relacionadas com “a arquitetura financeira internacional”, segundo o mesmo comunicado.
Sánchez e Guterres encontraram-se hoje em Madrid, na sede do Governo espanhol, no dia em que o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) chegou a Espanha para receber, na terça-feira, o Prémio Europeu Carlos V.
A cerimónia de entrega do prémio decorre no Mosteiro de Yuste, Cáceres, e contará com a presença do Presidente e do primeiro-ministro de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa.
Estarão também presentes o alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, a ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles, o secretário-geral da Comunidade Ibero-americana, Andrés Allamand, e o presidente do governo regional da Extremadura, Guillermo Fernández Vara, entre outras personalidades.
O Prémio Europeu Carlos V reconhece o trabalho de “pessoas, organizações, projetos ou iniciativas que contribuíram para o conhecimento geral e o engrandecimento dos valores culturais, sociais, científicos e históricos da Europa, assim como para o processo de construção e integração europeia”, segundo a Fundação da Academia Europeia e Iberoamericana de Yuste, que o atribui.
Esta fundação espanhola tem como “presidente de honra” o Rei Felipe VI e já atribuiu este prémio a outros dois portugueses, o ex-Presidente da República Jorge Sampaio (em 2004) e o ex-primeiro-ministro e antigo presidente da Comissão Europeia José Manuel Durão Barroso (em 2014).
Jacques Delors, Wilfried Martens, Felipe González, Mikhail Gorbachev, Helmut Kohl, Simone Veil, Javier Solana e Angela Merkel foram outras personalidades anteriormente galardoadas com este prémio.
António Guterres recebe na terça-feira o 16.º Prémio Europeu Carlos V, que o júri lhe atribuiu “pela sua acreditada, ampla e longa trajetória de vida dedicada ao compromisso social, ao processo de construção europeia, à promoção do multilateralismo e à dignidade humana como núcleo do seu trabalho, abordando desafios e crises globais”.
Para o júri do prémio, o secretário-geral da ONU e ex-primeiro-ministro português tem sido “uma figura fundamental para enfrentar um período de mudanças sem precedentes e com terríveis consequências para a Europa e para o mundo”.
“Com o seu trabalho tenaz impulsionou ações para responder à pandemia da covid-19, à guerra na Ucrânia, para abordar a emergência climática e para conseguir reformas ambiciosas para enfrentar os desafios do século XXI”, segundo a decisão do júri, conhecida em março passado.
A entrega do galardão coincide com o Dia da Europa, uma efeméride celebrada no dia 09 de maio que assinala a histórica “Declaração Schuman [Robert Schuman, o ministro dos Negócios Estrangeiros de França em 1950]”, considerada como o momento fundador da atual UE.