Empresas de Espanha, Letónia e Eslovénia estiveram hoje no Parque de Ciência e Tecnologia da Ilha Terceira (Terinov), nos Açores, num evento que pretende fomentar parcerias e incentivar a captação de projetos internacionais para a ilha.
“Podem vir emparceirar, encontrar clientes e fornecedores no ecossistema da região mas também, acima de tudo, o nosso objetivo é que percebam que há condições na nossa região para que se possam instalar cá, para que possam trazer investimento e para que possam criar massa crítica nos Açores”, adiantou, em declarações aos jornalistas, o diretor executivo do Terinov, Duarte Pimentel, à margem do Azores Info Days.
O evento, que surgiu na sequência do acelerador de empresas Azores Accel, lançado também pelo Terinov, nas áreas da agroindústria e da biotecnologia, arrancou hoje e estende-se até quinta-feira.
A iniciativa conta com a participação de empreendedores dos Açores (não só da ilha Terceira, mas também de São Miguel), do continente português e de outros três países: Espanha, Letónia e Eslovénia.
Durante dois dias, terão oportunidade de visitar empresas sedeadas na Terceira e reunirem-se com potenciais clientes e parceiros.
Com 67 projetos instalados, o Terinov esgotou a sua capacidade física para acolher novas empresas, mas Duarte Pimentel salientou que a incubação virtual é uma possibilidade.
“Esta ideia de um ecossistema muito próximo, muito vivo, muito virado para o exterior, com gente muito nova, mas altamente qualificada, acho que lhes dá aqui um motivo de terem vontade de trabalhar nesta grande família”, apontou.
O diretor executivo do Terinov admitiu que os “benefícios fiscais que os Açores oferecem” são um atrativo para a fixação de empresas na região, mas destacou sobretudo a “nova dinâmica” do ecossistema “empreendedor e científico” do arquipélago.
O parque acolhe já duas empresas que estavam antes sedeadas no continente português e uma que migrou de Silicon Valley.
“O Terinov neste momento tem 11 nacionalidades cá dentro, trabalhamos em duas línguas, a realidade é essa. E acho que o futuro vai passar um bocadinho por isto. Não é por acaso que temos aqui nove empreendedores que não são da região, mas que têm vontade de vir para cá. Acho que marca qual é o posicionamento do Terinov e a nossa vontade de trabalhar com o mundo”, sublinhou.
A “Plant on Demand” é uma “plataforma online para produtores locais e cooperativas”, que nasceu em Espanha.
O projeto venceu o Azores Accel e Natália Valle Aguirre acredita que pode encontrar parceiros no Terinov para expandi-lo para os Açores.
“Vamos encontrar pessoas aqui com quem podemos colaborar a muitos níveis. Acredito que as relações humanas são essenciais para começar em qualquer mercado e em qualquer lugar. O Terinov tem estes contactos e conhecer estas pessoas é muito importante para nós, para implementarmos a nossa solução aqui”, afirmou.
O meio mais pequeno permite ter um contacto de maior proximidade com os produtores agrícolas, público alvo do projeto, explicou.
“Dá-nos uma oportunidade de perceber o que se está a passar, de falar com os produtores e conhecer em primeira mão a sua realidade. Não só imaginarmos, mas termos contacto com o meio, com a natureza, com o solo, com os animais. Dá-nos uma noção da realidade e da importância do que estamos a fazer”, avançou.
Formado em biologia, Rui Cordeiro trabalhou durante vários anos no estrangeiro, mas as saudades de casa fizeram-no deixar o doutoramento nos Estados Unidos e regressar à ilha de São Miguel, onde venceu um prémio de empreendedorismo no parque de ciência e tecnologia da ilha, Nonagon.
O valor do prémio permitiu-lhe lançar a CORE Protein, uma empresa que quer transformar o soro do leite, habitualmente desperdiçado no fabrico do queijo, em suplementos de proteína.
“Já temos as tecnologias necessárias para secar o soro, ou a proteína, de maneira mais fria, para preservar a qualidade das proteínas. Estamos na fase de patentear essa tecnologia e de escalar a nossa produção”, revelou.
Já instalado no Nonagon, o empreendedor pondera instalar-se também no Terinov, até porque o parque tem um laboratório destinado precisamente a empresas de produtos lácteos.
A rede de contactos do Terinov permite, por outro lado, encontrar fornecedores e até investidores.
“Vamos estar reunidos com pelo menos quatro deles, maioritariamente produtores de soro, que podem tentar tornar-se nossos fornecedores. Vamos tentar que sejam mais do que fornecedores, porque se eles nos ajudarem a crescer mais depressa, mais depressa eles tiram benefício”, salientou.