Alterações climáticas e má gestão da água condenam à seca vastas áreas de território no país tido como um dos berços da civilização.
As alterações climáticas que ameaçam a vida na terra põem também em risco o património, sobretudo o que se encontra nas zonas costeiras ou em territórios onde a água nunca abundou. Se na Líbia são as antigas povoações junto à costa que sofrem com a subida da água, no Iraque é a falta dela, associada a tempestades de areia cada vez mais frequentes, que está a afectar os vestígios arqueológicos, muitos deles milenares e de grande importância para a compreensão da civilização como um todo.
Em Umm al-Aqarib, cidade cujo nome significa “mãe dos escorpiões”, um templo está já praticamente coberto de areia, como mostra à Agência France Presse (AFP) o arqueólogo Aqeel al-Mansrawi, que muito tem escavado e estudado este aglomerado urbano de cinco quilómetros quadrados que terá atingido o seu apogeu por volta de 2350 a.C..
Umm al-Aqarib, que tem vindo a ser sepultada no deserto, é “uma das cidades sumérias mais importantes do Sul da Mesopotâmia”, de acordo com este académico que também trabalha para o organismo iraquiano encarregado de salvaguardar o património e as antiguidades. A areia esconde já boa parte deste sítio arqueológico, garante Aqeel al-Mansrawi, resultado de um fenómeno que não tem mais do que “uma dezena de anos” e que está longe de ser exclusivo desta cidade.
Lugares como este, em territórios remotos e mal vigiados ou protegidos, muitíssimo expostos aos elementos, têm sofrido indirectamente os efeitos das alterações climáticas, registando hoje um aumento da salinização, que afecta a pedra, e enfrentando as tais tempestades de areia, cada vez […]