A exploração agrícola da líder do PAN está longe de ser pacífica. Depois da polémica em torno das estufas é a vez dos terrenos estarem integrados numa zona de caça associativa.
Os terrenos onde a deputada do PAN, Inês Sousa Real – ou o seu marido – explora o negócio de produção de frutos vermelhos estão inseridos numa zona de caça associativa. A garantia foi dada ao Nascer do SOL pelo secretário-geral da Associação Nacional de Proprietários Rurais (ANPC), ao afirmar que tanto proprietários como arrendatários desses espaços podem decidir que não querem fazer parte de uma zona de caça. Quando questionada pelo nosso jornal, o partido disse apenas: «Relativamente às questões que coloca, o PAN e a sua porta-voz não alimentam mais campanhas que têm como objetivo prejudicar a sua imagem e reputação».
No entanto, João Carvalho lembra que «no caso de zonas de caça associativa é necessário haver um acordo de gestão e de cedência desses terrenos para a sua exploração entre o proprietário ou o arrendatário dos terrenos e a associação de caçadores. Sem esse acordo não é possível haver zona de caça. Teve de haver acordo tanto quando foi constituída essa zona, como quando também teve de existir esse acordo quando houve renovações», diz João Carvalho, ao nosso jornal, lembrando que caberia sempre à deputada «decidir se queria estar dentro ou fora de uma zona de caça».
Uma situação que leva o responsável a garantir que, no caso da deputada, «é absolutamente inacreditável que a título pessoal e partidário ataque tanto a caça – desde apelidar os caçadores de assassinos – e depois na sua exploração permite uma zona de caça». Uma atitude que, de acordo com o mesmo, apenas é censurável pelo discurso do partido que lidera. E vai mais longe: «Faz todo o sentido permitir a caça naquela zona porque há espécies que causam enormes prejuízos na agricultura se não forem geridas e controladas, em especial javalis que têm causado problemas enormes aos agricultores e naquela zona da Canha faz todo o sentido porque há muitos javalis e se não fossem caçados coitadas das estufas: desenterravam as plantas, destruíam os sistemas de rega e tornaria tudo muito complicado».
Para João Carvalho trata-se de mais uma hipocrisia «do ‘faz como eu digo, mas não faças como faço’. São contra a caça mas pelos vistos ali dá-lhe muito jeito ter uma associação de caçadores que controla os javalis». E acrescenta: «Nada disto seria um surpresa não fosse a deputada Inês Sousa Real quem ataca de forma feroz e inqualificável os caçadores e o setor da caça, mas quando lhes dá jeito, como é o caso, afinal os caçadores estão ali para a acudir quando é preciso e controlar os javalis que põem em risco a sua exploração de frutos vermelhos».
Também surpreendido com esta situação está o secretário-geral da Confederação […]
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Por José Miguel Pires e Sónia Peres Pinto