O setor do leite em Portugal está a registar alguns constrangimentos no que se refere ao transporte de matérias-primas vindas de Espanha, face à greve dos camionistas, como paragens e veículos danificados, adiantou à Lusa a Fenalac.
“O impacto que se está a registar no nosso setor é, essencialmente, no transporte de algumas matérias-primas que vêm de Espanha. Alguns transportadores estão a recusar-se a ir a Espanha porque têm sido alvo de paragens por piquetes [de greve], também alguns atos de vandalismo, pneus furados e amolgadelas”, disse à Lusa o secretário-geral da Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite (Fenalac), Fernando Cardoso.
Conforme ressalvou, apesar destes casos esporádicos e do consequente transtorno, o transporte continua a realizar-se e não se verifica qualquer “tipo de estrangulamento ou falta de materiais”.
O setor do transporte rodoviário de mercadorias em Espanha está em greve, por tempo indeterminado, desde meados de março, face ao aumento do custo dos combustíveis.
A greve tem sido liderada por transportadores independentes e pequenas e médias empresas, estando a causar problemas de abastecimento em algumas partes do país, bloqueios de estradas e a paralisação de certos setores da indústria agroalimentar.
O setor leiteiro, em Portugal, está ainda preocupado com o desenvolvimento destes atos, notando que na zona Sul a situação é mais grave, nomeadamente, nas estradas nacionais.
“Há algum receio de que o que se passa no Sul possa alastrar-se para o Norte e piorar a situação. Os movimentos dão-se, essencialmente, com o Norte de Espanha, Galiza, e perto da fronteira, Vilar Formoso”, precisou Fernando Cardoso, reiterando que, apesar dos “transtornos, despesas e atrasos, não há impossibilidade de transportar”.
A Lusa contactou a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), mas não obteve resposta.
Em 18 de março, o primeiro-ministro espanhol pediu aos camionistas independentes que apoiam a greve convocada por associações empresariais do setor para porem fim à “violência” que exercem nas estradas, considerando-os uma “minoria”.
“Temos mantido um diálogo constante, quase diário, com as associações do setor desde o ano passado, um diálogo aberto e, graças a isso, chegámos a um acordo em dezembro, quando o setor estava a ponderar fazer uma greve que finalmente não teve lugar, como resultado de um acordo importante”, disse, na altura, Pedro Sánchez, em Roma.