Temos antes de criar as condições estruturais que suportem uma efetiva reversão da sustentabilidade económica do setor agrícola. E a PAC é um instrumento essencial para este efeito.
Há anos que o setor dos cereais em Portugal tem vindo a ser esquecido, não só pela população, mas também – e especialmente – pelo poder político. O ano de 2021 fica marcado como o ano de menor área de produção de cereais em Portugal. Atualmente, na Europa, apenas Malta tem um grau de autoaprovisionamento inferior ao nosso, que ronda os 5%.
Com efeito, vivemos, nos últimos dois anos, uma pandemia como já não havia memória, depois uma terrível seca que fez com que muitos hectares de cereal se perdessem e, logo de seguida, um conflito armado entre duas grandes potências produtoras. Tudo acontecimentos que têm tornado a produção de cereais num desafio cada vez maior.
Os brutais aumentos dos custos de produção, tais como a energia, os combustíveis ou os fertilizantes, que nalguns casos sofreram aumentos superiores a 300%, estão a colocar o setor numa situação cada vez mais débil.
No entanto, as cotações dos cereais também têm aumentado, fruto dos já expectáveis impactos nos mercados mundiais, pressionados pela ausência de produção vinda da região do mar negro e, mais recentemente, pelo anúncio da Índia, o segundo maior produtor mundial de trigo, de que iria fechar as exportações deste cereal. Estamos perante uma escalada de preços nunca antes vista!
E nós? Como fica a produção nacional? Será esta a oportunidade de um setor há tanto tempo esquecido?
Portugal não tem condições para atingir as produtividades […]