A produção de cebola na região do Tâmega e Sousa regista este ano uma quebra de 50% face a 2021, devido às temperaturas elevadas que se têm feito sentir, disse hoje à Lusa o responsável da Confraria do Presunto e da Cebola, sediada em Penafiel.
Segundo Joaquim Ferreira, o preço atual por quilograma da cebola vermelha, típica da região e a mais apreciada pela gastronomia local, é de dois euros, o dobro do valor do ano passado.
“Nunca se atingiu um preço destes”, exclamou o grão-mestre, em declarações à agência Lusa.
Por haver atualmente pouca oferta face à procura, acontece o aumento do preço.
As dificuldades vão sentir-se, admitiu, na Feira de São Bartolomeu, que se realiza de quarta-feira a sábado, em Penafiel, na zona do Sameiro, integrada na Feira Agrícola – Agrival – que decorre até domingo naquela cidade.
No São Bartolomeu, acrescentou, a cebola é rainha, com dezenas de vendedores de Penafiel e de concelhos vizinhos presentes, estimando-se que na última edição tenham sido vendidas 300 toneladas.
Este ano, porém, apenas cerca 150 toneladas estarão à venda na Feira de São Bartolomeu.
“De certeza que não vai chegar para a procura”, previu, recordando que, por estes dias, se deslocam à cidade muitos forasteiros que apreciam o produto.
Também qualidade geral da cebola deste ano diminuiu, como se comprova no calibre mais pequeno da cebola.
Apesar disso, José Ferreira promete que não faltarão cebolas brancas e vermelhas de boa qualidade, embora mais caras, sobretudo dos produtores que lidaram melhor com as temperaturas elevadas e a pouca humidade dos solos.
A “Cebola de Penafiel”, como é conhecida a variante da região, tem como características a forma garrafal, macia, um sabor suave e com pouca acidez, muito apreciada para acompanhar presunto, outra especialidade da região.
“Não há cebola como a nossa”, comentou, a propósito da qualidade daquele produto agrícola típico da região, que tem uma feira específica desde o século XVIII, em Penafiel.
Na principal avenida junto ao santuário do Sameiro, dezenas de vendedores preenchem ambos os lados do arruamento, com as suas bancadas de cebolas e perder de vista, num ritual festivo que evidencia o passado hortícola da região.
A confraria foi fundada em 2013 e conta atualmente com cerca de 300 confrades, de vários pontos do país.
Recentemente, contou o responsável, foi conseguida a certificação da semente de cebola de Penafiel, que já está a ser comercializada de acordo com os parâmetros de qualidade da confraria.
Só no ano passado, foram vendidas 20 mil saquetas de sementes, anotou, prevendo um acréscimo para os anos vindouros.
Por outro lado, a certificação de um certo tipo de suíno bísaro adequado para a produção de presunto também está a ser trabalhada com a Escola Profissional de Agricultura de Marco de Canaveses.
O objetivo, concluiu, é que a iguaria formada pelo “casamento” do presunto com a cebola continue a ser um dos maiores atrativos gastronómicos servidos nos estabelecimentos da região.