A Associação Distrital dos Agricultores de Castelo Branco (ADACB) defendeu hoje que o Governo deve aprovar e aplicar “medidas imediatas” de apoio à tesouraria dos produtores para atenuar os “impactos muito grandes” que a seca está a provocar.
“Tem que haver uma solução para ajudar a tesouraria dos agricultores, que estão a ter custos claros e imediatos devido a esta situação de seca. Mas não bastam anúncios, é preciso concretizar aquilo que se promete”, afirmou António Quelhas, presidente da ADACB, com sede no Fundão.
Este responsável especificou que, no distrito, os maiores impactos da seca se registam nas zonas que não estão abrangidas por área de regadio e especificou que há quebras de produção e culturas que podem ficar comprometidas, pela falta de água no solo e pela dificuldade em assegurar sistemas de rega.
Lembrando que os pastos estão secos e os poços e charcas também não têm água, António Quelhas destacou ainda a questão da pecuária, frisando os custos acrescidos que se verificam para garantir a alimentação e o abeberamento dos animais.
“Tem que haver linhas de financiamento para ajudar a atividade dos agricultores e têm de ser linhas com acesso simplificado para garantir que o apoio chega rapidamente aos agricultores”, disse.
O dirigente associativo defendeu ainda que essas linhas devem ter um período de amortização prolongado, dado que, quer devido à seca, quer ao aumento generalizado dos custos, os agricultores estão a enfrentar “prejuízos severos” e dificuldades para manterem a atividade.
António Quelhas reiterou ainda que os apoios ou ajudas terão que ser efetivados “no curto prazo” e que não podem continuar a ser “meros anúncios”.
“É preciso passar das palavras aos atos. Essencialmente o que pedimos é que tudo o que é anunciado seja executado”, disse, criticando os atrasos e adiamentos que se verificam “sistematicamente”.
A representar uma associação que tem cerca de 3.000 sócios, em que mais de metade são pequenos agricultores, António Quelhas também aponta a necessidade de reduzir a burocracia no acesso às ajudas e aos financiamentos e também apela a uma maior articulação com as entidades representativas do setor.
No que concerne as medidas de médio e longo prazo, a ADACB há muito que reivindica o reforço das áreas de regadio, com destaque para a concretização do Regadio a Sul da Gardunha e também com o alargamento do Regadio da Cova da Beira a zonas que possam ser abrangidas.
A maior aposta nos pequenos regadios tradicionais é outra das medidas defendidas por esta entidade, que, todavia, volta a reiterar a necessidade de simplificar o acesso às linhas de apoio e financiamento.
O Governo reconheceu na segunda-feira oficialmente a existência de uma situação de seca severa e extrema agrometeorológica em todo o continente, “o que consubstancia um fenómeno climático adverso, com repercussões negativas na atividade agrícola”.
Portugal continental estava em maio com cerca de 97,1% do território na classe de seca severa e 1,4% na classe de seca extrema.