Restauração, agricultura e construção são três setores de atividade que reclamam trabalhadores. A falta de mão de obra é mais um fator negativo a ter em conta na caminhada para uma retoma económica que se pretende duradoura.
Os restaurantes que se dedicam à cozinha tradicional portuguesa estão em “grave risco de desaparecer” por falta de cozinheiros. A Associação Nacional de Restaurantes revela grande dificuldade de recrutamento de mão de obra, em particular cozinheiros e empregados de mesa.
Em entrevista à Renascença, Daniel Serra da, PRO.VAR – Promover e Inovar a Restauração Nacional, fala de uma “situação critica” e alerta para a necessidade de “se preservar a cozinha tradicional portuguesa”.
O responsável afirma que “o grande problema neste momento tem a ver com a cozinha tradicional portuguesa, dado que os restaurantes que são a base da nossa oferta em Portugal estão em grave risco de desaparecer por força de não existir mão de obra especializada, neste caso os cozinheiros”.
Daniel Serra admite que para “trabalhar na cozinha ou na copa como ajudante, que são atividades menos exigentes, normalmente os […]
Fruta desperdiçada por falta de mãos
Também a agricultura se depara com dificuldade de recrutamento. Eduardo Oliveira e Sousa, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), diz que o problema maior está relacionado com o setor das colheitas.
O responsável adianta que “a agricultura confronta-se com dificuldade de contratação de pessoas em diversas categorias profissionais”, mas, “geralmente, aquelas situações relacionadas com a colheita de produtos hortícolas ou de frutas são as situações mais problemáticas”.
Eduardo Oliveira e Sousa revela que, em 2021, “houve muita fruta que foi desperdiçada por não haver pessoas suficientes” para fazer a colheita. “O ano passado houve perda de colheitas parcial de alguns produtos que ficaram nas árvores, ou que caíram para o chão e que deixaram de ter qualidade para serem levados para o mercado por falta de mão de obra para colherem esses mesmos produtos. Dou-lhe o exemplo de alguma pera, nomeadamente pera rocha, algumas azeitonas”, indica.
Por outro lado, o presidente da CAP sustenta que a crise na Ucrânia também está a dificultar o recrutamento de mão de obra dos países do leste europeu. Eduardo Oliveira e Sousa diz que “o momento muito complicado que a Europa está a atravessar é um momento muito complicado para a importação de pessoas que vinham da região do leste da Europa, em particular da própria república da Ucrânia”.
Agora, “a região da Índia, do Nepal, do Bangladesh está a ser a área para onde se vislumbra poder haver mais pessoas a virem para Portugal e os serviços diplomáticos estão a desenvolver esforços no sentido de agilização do processo de legalização desses trabalhadores.”
O presidente da CAP refere que estão a ser feitos esforços para recrutar mão de obra em países de língua portuguesa, como Brasil, Angola, São Tomé ou Cabo Verde. […]