O presidente da Câmara de Resende disse hoje à agência Lusa que o município tem, agora, um manual de boas práticas para a produção de cereja, para produzir maior qualidade e quantidade com direito à certificação.
“Para chegarmos à certificação da cereja de Resende temos de ter produção em escala, quer em quantidade, como em qualidade, e esse foi o principal objetivo para a criação do Manual de Boas Práticas da Cultura da Cerejeira”, explicou Garcez Trindade.
À agência Lusa o autarca referiu que, ao longo de quatro anos, o Grupo Operacional Valorização da Cereja de Resende desenvolveu um trabalho de investigação e de estudo, com o principal objetivo de compilar as suas conclusões neste manual agora apresentado”.
O objetivo é permitir que “os atuais produtores e também os vindouros” tenham “um apoio, orientação e conselhos nas práticas a usar na produção da cereja”.
No fundo, sintetiza, trata-se de “uma série de questões muito importantes para ganharmos escala”, sublinhou.
Uma quantidade, “aliada à qualidade”, que “dará a possibilidade de chegar à exportação”, acrescentou o presidente da Câmara, admitindo que, em Resende, “a exportação ainda é muito pequena”.
“O manual apresenta práticas e conselhos que dizem respeito a quase tudo, desde a escolha dos porta-enxertos, ou seja, aquilo com que se vai enxertar os pés das cerejeiras que foram plantadas, a fertilização das terras, o regadio ou o combate às pragas”, especificou.
Garcez Trindade disse ainda estar convencido que “os produtores que seguirem estas boas práticas terão uma maior produção, em quantidade, e melhor, em qualidade”, nomeadamente os que “começarem logo na plantação” da árvore.
“É uma planta que ainda demora, pelo menos, quatro a cinco anos a produzir e a minha expectativa é que, desde já, se comece a pôr em prática a fertilização das terras, que tem de continuar a ser feita, com o fornecimento dos elementos necessários” para a terra.
No seu entender, também “deve ser feito um combate decidido e entendido às pragas, saber o que se está a fazer, saber que condutas se devem ter no combate às pragas, que já há algumas muito complicadas para a delicadeza deste fruto”.
“Também somos encosta com algum declive, o que torna o trabalho muito complicado, mas se estas práticas forem seguidas” e se forem adotadas, “em específico para os produtores” deste concelho do distrito de Viseu, “poderemos ter também cereja por mais tempo”, defendeu.
O autarca indicou que, atualmente, é possível “provar cerejas a partir de meados de abril, é das primeiras a aparecer na Europa, tendo em conta as condições climatéricas junto ao rio, e até ao fim de junho, início de julho ainda há cerejas” em Resende, mas poderá ser possível alargar” este período.
O projeto do Grupo Operacional Valorização da Cereja de Resende foi liderado pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em parceria com a Dólmen, o Município de Resende e produtores, quer empresas, quer em nome individual.
O próximo passo, esclareceu o presidente da Câmara, é “tentar uma candidatura para a comercialização da cereja, sempre em parceria com os professores da UTAD, no sentido de uma melhor comercialização da cereja, que é a atividade agrícola que mais contribuiu para a atividade económica do concelho” de Resende.