[Fonte: Público] Francisco Guerreiro chegou a Bruxelas para fazer o registo no Parlamento Europeu e apresentar-se ao grupo político dos Verdes europeus.
Viajou de avião, porque “infelizmente” ainda não há uma alternativa marítima ou ferroviária, e a viagem de automóvel está fora de questão. Mas logo na primeira de muitas vindas para Bruxelas, o futuro eurodeputado do PAN, Francisco Guerreiro, fez questão de compensar a pegada carbónica da viagem, recorrendo às “ferramentas” que existem para colmatar esse impacto. Quando vier para o Parlamento Europeu, vai continuar a fazer reflorestação e limpezas, como na campanha. “Quando sair de casa, se for para apanhar lixo, apanho lixo”, notou. E não deixará de comer vegan, o que também reduz o seu contributo para o aquecimento global.
Mas se o seu objectivo pessoal é ter o menor impacto possível para o ambiente, o propósito político de Francisco Guerreiro é “fazer a diferença” e “tentar acrescentar valor” ao processo legislativo europeu, “mexendo um bocadinho com a máquina” e “trazendo novos temas” à discussão, mesmo dentro do seu próprio grupo.
“O que um eurodeputado do PAN pode trazer de novo é dinamismo. Procuraremos fazer aqui a diferença como fizemos no Parlamento nacional, conhecendo as regras, integrando ao máximo as dinâmicas instaladas e mexendo um bocadinho na máquina. A partir daí, vamos tentar acrescentar valor, fazendo com que a nossa motivação se materialize em alterações legislativas”, justificou Francisco Guerreiro, que esta quarta-feira esteve em Bruxelas para fazer o seu registo no Parlamento Europeu e cumprir os restantes procedimentos burocráticos antes da tomada de posse, a 2 de Julho.
Na agenda estava também uma importante reunião com família politica dos Verdes Europeus, uma das grandes vencedoras das eleições do último domingo. A bancada ecologista no Parlamento Europeu engrossou as suas fileiras com novos membros, e terá um grupo de eurodeputados na próxima legislatura — que feitas as apresentações, começarão logo a negociar a distribuição de cargos e lugares pelas diferentes comissões parlamentares.
À chegada, Francisco Guerreiro anunciou o seu propósito de arrecadar um assento na comissão de Agricultura, “uma área que também é fundamental para as alterações climáticas”. O seu interesse é em alargar o âmbito do debate para as questões menos faladas, não só da componente ambiental, como por exemplo do impacto da agro-pecuária, mas também da protecção dos direitos dos animais. “Acabar com a exportação de animais vivos sem dúvida que é uma das nossas bandeiras e tudo faremos para que deixe de acontecer”, afirmou.
Guerreiro promete encarar o trabalho na comissão “numa outra perspectiva” que não exclusivamente a dos fundos que o sector agrícola poderá recolher. Na sua opinião, há que “redireccionar esses fundos para outras culturas, nomeadamente de produção de alimentos em modo biológico e extenso. Seria muito mais positivo do que andar a esbanjar dinheiro em indústrias altamente poluentes como a agro-pecuária intensiva”, considerou.
O futuro eurodeputado do PAN chegou a Bruxelas um dia depois de os líderes europeus terem arrancado formalmente com o processo para a nomeação dos futuros dirigentes das instituições europeias. Num jantar informal promovido pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, os chefes de Estado e de governo da União Europeia apontaram para o combate às alterações climáticas como a principal prioridade para os próximos cinco anos.
Francisco Guerreiro achou positivo, mas lembrou que a experiência prova que essa “retórica ainda sempre nos períodos pós-eleitorais mas depois na prática é muito difícil lutar contra alguns lobbies ou sectores já estabelecidos”. Espera, por isso, que o reforço da bancada dos Verdes permita quebrar a tradição: o eleito do PAN vê com bons olhos a construção de uma aliança progressista no Parlamento, mas só se os Verdes conseguirem uma posição forte dentro desse esquema. “Se os Verdes estiverem excluídos será muito difícil, porque iremos ver mais uma vez a dinâmica que tem sido imposta, a economia pela economia. E isso não é positivo para a Europa”, concluiu.