Ainda a propósito do tema dos incêndios, no último artigo que escrevi terminei da seguinte forma: “Portugal precisa de uma política de ordenamento do território que seja coerente, prática e que esteja interligada com a política económica. Este casamento nunca foi feito, por isso é que talvez andemos tão divorciados do crescimento nas últimas décadas”. Nem mais! Foi suficiente uma semana para colocar a nu, o verdadeiro problema de que estamos a falar.
No quadro da audição parlamentar com o secretário de Estado das Florestas e o presidente do Instituto da conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), a propósito das cartas de perigosidade, os deputados confrontaram o membro do Governo quanto ao facto de as cartas de perigosidade, entretanto suspensas pelo governo, não terem envolvido os autarcas na sua elaboração. Quando confrontado com essa circunstância, o presidente do ICNF prontamente referiu que “é verdade que estas cartas não foram concertadas com os autarcas” e que “provavelmente os senhores deputados não quereriam que se concertasse com os autarcas” (!). […]