Dezassete municípios da região do Queijo Serra da Estrela assinam esta sexta-feira um protocolo de cooperação para a elaboração da candidatura à Unesco da salvaguarda do produto regional, disse hoje à agência Lusa um responsável.
“É a primeira vez que temos os municípios todos unidos a trabalhar num só objetivo, a salvaguarda do nosso Queijo Serra da Estrela DOP [Denominação de Origem Protegida], porque se não fizermos nada vai deixar de existir em poucos anos”, destacou o presidente da Cooperativa dos Produtores de Queijo da Serra DOP (Estrelacoop).
Joaquim Lé de Matos disse à agência Lusa que a candidatura à Unesco de salvaguarda do fabrico do Queijo Serra da Estrela a Património Cultural e Imaterial da Humanidade, “tem precisamente esse fim, o de salvaguardar toda a fileira” do queijo, que pode desaparecer “a ver, por exemplo, pela idade dos pastores”.
“Os pastores têm uma idade média entre 60 a 65 anos e, por isso, há urgência em tornarmos esta atividade da agro pastorícia rentável para os conseguirmos reter mais anos e para atrair outros mais jovens”, sustentou.
Outra salvaguarda necessária relaciona-se com “o número de efetivos da raça autóctone da Serra da Estrela, que tem de ser [ovelha] Bordaleira ou Churra Mondegueira, porque, segundo os dados existentes, está a haver uma diminuição de ano para ano”.
“Ou seja, esta candidatura, que se chama salvaguarda do fabrico Queijo Serra da Estrela, é mais uma das iniciativas para proteger o produto, porque se não fizermos nada na salvaguarda deste processo milenar daqui a uns anos desaparece”, referiu.
A candidatura terá coordenação técnica e científica liderada por Paulo Lima, que também foi responsável pelas candidaturas do Fado, do Cante Alentejano, do Fabrico de Chocalhos e da Morna (música tradicional de Cabo Verde).
“Depois de encontrada uma pessoa que nos desse garantias e já com currículo nestes dossiês, há a preocupação de assumir o caderno de encargos da equipa de trabalho, durante 14 meses, e, para isso reunimos, todos os municípios envolvidos”, contou.
Assim, foram contactados os 18 municípios de toda esta região do Queijo Serra da Estrela e “só um ficou de fora – Arganil – por falta de resposta a todo o tipo de manifestações da Estrelacoop”.
“Cada um dos 17 municípios assina amanhã [sexta-feira] um protocolo de cooperação onde assume, cada um deles, uma comparticipação. A juntar aos municípios está a ANCOSE [Associação Nacional de Criadores de Ovinos Serra da Estrela]”, indicou.
No total, a EstrelaCoop, a ANCOSE e estes municípios, que pertencem a três comunidades intermunicipais (CIM), a Beiras e Serra da Estrela, a Viseu Dão Lafões e a Região de Coimbra, financiam “em quase 80 mil euros a candidatura” à Unesco.
Antes de chegar à Unesco, cuja candidatura Joaquim Lé de Matos espera ter pronta em 2026, o Queijo Serra da Estrela “tem de estar registado na inventariação nacional do património cultural imaterial” em Portugal o que “deverá acontecer em 2025”.
Joaquim Lé de Matos acrescentou que esta candidatura “conta com o Alto Patrocínio da Presidência da República” e lembrou que o próprio Marcelo Rebelo de Sousa “já tinha deixado o desejo em Celorico da Beira, em 2022, na feira do queijo”.