O Município de Arronches (Portalegre) manifestou-se hoje “indignado” com a alegada poluição provocada por uma unidade industrial de processamento de bagaço de azeitona, um subproduto da fabricação de azeite, situada no vizinho concelho de Monforte.
Em comunicado publicado na página da câmara na rede social Facebook, a autarquia afirma que, “desde o início” da laboração da unidade industrial, em 2018, se tem vindo a “sentir um mau cheiro, por vezes insuportável”, no concelho.
Na publicação, o município, presidido por Fermelinda Carvalho (PSD), titula estar “indignado com poluição proveniente do lagar” e explica que, nos últimos dias, a situação “agravou-se”, causando “mais incómodo” a todos os residentes de Arronches.
A autarquia informa que vai efetuar diligências para “exigir” à Migasa – empresa espanhola proprietária da unidade – a resolução deste problema, bem como junto do Ministério do Ambiente e da Câmara de Monforte.
“Além do fumo e do mau cheiro, também evidenciamos que a estrada municipal que liga Arronches a Monforte se está a degradar precocemente devido ao fluxo de veículos pesados que afluem ao lagar, tendo já havido necessidade, por várias vezes, de ser efetuada a limpeza da estrada devido a derrames provocados no transporte dos subprodutos”, pode ler-se na nota.
O presidente da Câmara de Monforte, Gonçalo Lagem (CDU), em declarações à agência Lusa, reconhece o problema, sublinhando que a unidade industrial foi acolhida naquele concelho por parte do município “com a melhor das intenções”, para “servir” um conjunto de agricultores.
“Uma coisa é acolhermos empresas porque precisamos de investimento, outra coisa é estarmos em ‘saldos’. E não estamos em ‘saldos’. Na realidade, prejudica as pessoas”, argumenta.
Gonçalo Lagem alerta que existem entidades que “ultrapassam e extravasam” as competências do município, nomeadamente as entidades responsáveis pelos licenciamentos industriais, que monitorizam e avaliam as condições atmosféricas, as quais devem ser “pressionadas” para encontrar uma solução para o problema.
“Têm de ser tomadas providências por quem licencia e viabiliza estes investimentos, estas indústrias e quem tem responsabilidades no licenciamento industrial”, acrescenta.
O autarca de Monforte promete “fazer tudo” o que está ao seu alcance e no âmbito das suas competências para inverter esta situação, garantindo que vai acompanhar e “fazer pressão” junto das entidades responsáveis para encontrar uma solução.
“Têm de ser tomadas medidas para mitigar o impacto que [o lagar] tem e não pode prejudicar as pessoas”, nota o autarca.
A Lusa tentou contactar o diretor da empresa Migasa, José Maria Perez, mas as tentativas efetuadas revelaram-se infrutíferas.