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– 23-12-2004 |
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Morte de sobreiros : Respostas procuram-se na serra de Gr�ndolaGr�ndola, 21 Dez H� muito que não se v� o lince e que a floresta deixou de dominar a paisagem, mas o montado continua a ser um dos ecossistemas mais ricos de toda a bacia do Mediterr�neo, onde a morte inexplicada de sobreiros e azinheiras está a suscitar preocupa��es crescentes. A regi�o de Gr�ndola e Santiago do Cac�m � uma das mais afectadas pelo chamado "decl�nio do sobreiro", um fen�meno de mortandade limitada mas não controlada, detectado no final dos anos 80 em praticamente todos os povoamentos suber�colas. Desde ent�o várias investiga��es foram conduzidas, tanto em Portugal como no estrangeiro, sem se ter chegado a uma conclusão e muito menos a uma estratégia de interven��o para travar a morte, todos os anos, de milhares de "Quercus suber" de todas as idades. "Altera��es climatéricas, polui��o, empobrecimento dos solos, pr�ticas de pastoreio ou de descorti�amento inadequadas, as explica��es variam em função da especializa��o dos peritos que as formulam", explicou � agência Lusa Edmundo Sousa, t�cnico da Esta��o Florestal Nacional (ENF). � hoje ponto assente que factores diversos podem estar na origem do "stress" que torna as �rvores, umas mais do que outras, vulner�veis ao ataque de pragas como o platypus cylindrus, um insecto que cava galerias no tronco, ou de doen�as, como a "phytophtora cinnamomi", que destr�i os sistemas radiculares dos sobreiros e provoca a sua morte em poucos dias. Respondendo a um pedido de produtores florestais da Associa��o dos Agricultores de Gr�ndola, uma equipa da ENF e da Direc��o Geral dos Recursos Florestais desenvolveu um projecto de interven��o integrada no montado, que dever� arrancar em Janeiro. Uma quinzena de parcelas de um hectare com caracterásticas distintas em termos de exposi��o solar, uso da terra, recursos h�dricos, explora��o silv�cola e grau de degrada��o dos povoamentos v�o ser delimitadas e monitorizadas. A interven��o prev� o levantamento exaustivo dos factores de definhamento dos sobreiros, mas sobretudo a correc��o dos desequil�brios e o tratamento atempado dos problemas detectados, sublinha Edmundo Sousa. Parcelas saud�veis seráo igualmente monitorizadas para se poder estabelecer compara��es. Espera-se assim dar os primeiros passos na concretização do Programa governamental de Defesa dos Povoamentos Suber�colas (PDPS), que existe no papel desde 2003. Para Lu�s Dias, da direc��o da Associa��o dos Agricultores de Gr�ndola, que solicitou em Novembro a ida ao campo dos t�cnicos da EFN, e repete o percurso para a nossa reportagem, h� muito tempo que "alguma coisa devia ter sido feita face � degrada��o de um patrim�nio que leva anos a reconstituir-se". Primeiro produtor e exportador mundial de corti�a, Portugal poderia e deveria ter um papel de primeiro plano na investiga��o do problema, desabafa este representante da Confedera��o dos Agricultores de Portugal (CAP) para as questáes de silvicultura na União Europeia. não � por acaso que o primeiro estudo integrado vai realizar-se nesta regi�o, onde v�rios n�veis de manifesta��o de degrada��o podem ser observados e onde estáo Também em marcha programas de reflorestação. De um lado e do outro do IC33 que atravessa a Serra de Gr�ndola, h� centenas de �rvores mortas � espera de serem removidas, algumas ca�das, a maioria em p�. De longe em longe, entre estes esqueletos cinzentos e retorcidos, o verde de um pinheiro manso de gera��o espont�nea, outra fonte de riqueza da regi�o. A situa��o na Serra de Gr�ndola � a pior do país, embora manchas mais limitadas de devasta��o do mesmo tipo possam ser vistas noutras zonas de montado de Tr�s-os-Montes ao Baixo Alentejo. Como as �rvores são normalmente abatidas, ap�s obten��o da licen�a exigida, as consequ�ncias do decl�nio nem sempre são evidentes para quem não conhece o terreno. Mas de cada lado das estradas de terra batida, avistam-se �rvores a apresentar os primeiros sinais do processo de fragiliza��o – descolora��o das folhas, ramos secos, exsuda��es – que no estado actual da arte as condena ao abate. Embora as consequ�ncias econ�micas sejam ainda limitadas, com os pequenos propriet�rios mais atingidos, as incertezas sobre o futuro do sobreiro não podem deixar de pesar sobre as op��es de investimento num sector onde tudo tem de ser pensado a muito longo prazo. O sobreiro � uma �rvore de crescimento lento, que pode chegar aos 500 anos, mas cujo limite de explorabilidade se situa entre os cem e 150 anos. são precisos no m�nimo trinta anos para a primeira extrac��o da melhor corti�a, a amadia, que faz a reputa��o da rolha natural portuguesa. Nove anos separam cada descorti�amento. Lu�s Dias compara o montado ideal (onde terminou a nossa visita) a uma aldeia com as suas várias classes de idades, mi�dos, jovens, homens maduros e velhos. A cada uma destas etapas da vida h� gestos a fazer para garantir um crescimento harmonioso e saud�vel, assegurar uma boa produ��o, proteger das pragas, garantir o equil�brio do ecossistema. A palavra ganhou novo peso com a última reforma da Pol�tica Agr�cola Comum (PAC), que aposta num desenvolvimento sustentado respeitador do ambiente. Resta saber se as novas orienta��es teráo algum efeito pr�tico na resolu��o dos problemas do montado mediterrúnico ou se o lince terá de esperar por melhores dias.
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