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– 25-10-2004 |
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Madeira : Civilização do açúcar no Atlântico começou na RegiãoFunchal, 24 Out "A rota do açúcar, na transmigração do Mediterrâneo para o Atlântico, tem na Madeira a principal escala", diz o secretário geral do Centro de Estudos de História do Atlântico, entidade organizadora daquele seminário. O "III Seminário Internacional sobre a História do Açúcar", subordinado ao tema "O Açúcar e o Quotidiano", realiza-se no Funchal, entre 25 e 29 de Outubro, com a presença de historiadores de nove países da Europa, América Latina e Estados Unidos. Organizado pelo Centro de Estudos de História do Atlântico (CEHA), este Seminário tem ainda como subtemas "O Açúcar e Arte Flamenga nas Ilhas Atlânticas" (uma análise desenvolvida ao abrigo do projecto Interreg III-B: Atlanti, em parceria com as ilhas Canárias) e "História e Historiografia do Açúcar". Este encontro reúne 33 especialistas na área do açúcar, entre historiadores e investigadores, de Portugal, Cuba, Brasil, Estados Unidos, Argentina, Espanha, Bélgica, França e Itália. O seminário inclui ainda a apresentação do projecto "A Tecnologia da Moenda e Fabrico do Açúcar – Ruínas e Reminiscências", que visa proporcionar estudos sobre a tecnologia do açúcar e o levantamento dos engenhos da época pré-industrial no Brasil. Este projecto tem a colaboração do CEHA, da Associação Internacional de História e Civilização do Açúcar, da Fundação Joaquim Nabuco e do Museu Paulista. Esta será ainda a ocasião para ser apresentado à comunidade científica o seminário de Outubro de 2005, que terá como tema "Canaviais, Engenhos, Açúcar – História e Meio – Ambiente", a decorrer em São Paulo e Recife, no Brasil. O III Seminário será também palco para o lançamento de várias obras, entre as quais a do historiador e secretário-geral do CEHA, Alberto Vieira: "Canaviais, Açúcar e Aguardente na Madeira – séculos XV a XX". As restantes obras são de Naidea Nunes, "Palavras Doces. Terminologia e Tecnologia Históricas e Actuais da Cultura Açucareira. Do Mediterrâneo ao Atlântico"; de José Piqueras, "Azucar y Esclavitud en el Final del Trabajo Forjado"; de Juan M. Morales Alvarez, "Dulzura Caroreña. Historia del Central La Pastora" e de André Argollo, "Arquitectura do Café". Para o historiador Alberto Vieira, "a cana-de-açúcar iniciou a sua diáspora Atlântica na Madeira e a definitiva conquista da mesa europeia". Considerado uma raridade, o açúcar começou a sua "epopeia" como medicamento, mas logo se impôs na dieta alimentar. "A Madeira, a partir de finais do século XV, com elevada produção e disponibilidade do produto para o mercado Europeu, contribuiu para essa mudança", diz Alberto Vieira numa das três comunicações que vai proferir e a que a Agência Lusa teve acesso. "Sem dúvida que o maior consumo do açúcar não foi nos fármacos, mas sim nos manjares nobres, na forma de doce, conservas e casca de fruta. A doçaria conventual fez as delícias dos manjares reais dos ingleses, franceses e flamengos", escreve aquele historiador em "Açucares, meles e aguardente no quotidiano madeirense". "O açúcar é de todos os produtos que acompanharam a diáspora europeia o que actuou, com maior relevo, a mundividência quotidiana das novas sociedades e economias que, em muitos casos, se afirmaram com resultado dele", realça Alberto Veira. "A cana sacarina, pelas especificidades do cultivo, especialização e morosidade do processo de transformação em açúcar – prossegue o historiador – implicou uma vivência particular, assente num complexo sócio-cultural da vida e da convivência humana". Para Alberto Vieira, a cana sacarina "é, entre todas as plantas domesticadas pelo Homem, a que mais implicações teve na História da Humanidade". "Até hoje são evidentes as transformações operadas na agricultura, técnica, química e siderurgia por força da cultura da cana sacarina, beterraba e da produção do açúcar, mel, aguardente, álcool e rum", insiste. "A chegada ao Atlântico, no século XV, provocou o maior fenómeno migratório, que foi a escravatura de milhões de africanos, e teve repercussões evidentes na cultura literária, musical e lúdica. Foi também no Atlântico que a cultura atingiu a plena afirmação económica, assumindo uma posição dominante no sistema de trocas", diz. "Aqui (Madeira) surgiram os primeiros contornos sociais (a escravatura), técnicos (engenho de água) e político-económicos (trilogia rural) que materializaram a civilização do açúcar", conclui Alberto Vieira.
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