O ex-presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses lembra que nesses meses a “vegetação está muito mais seca e o vento, que é o maior inimigo”, está mais forte. Jaime Marta Soares não percebe por que ainda não foi feito um trabalho de prevenção para evitar que o país arda todos os anos e lamenta que esta situação esteja a ser aproveitada por questões político-partidárias: “Todos aqueles que têm feito parte do arco do poder não podem atirar pedras porque todos têm telhados de vidro”.
Mais uma verão, mais uma vez, o país está a arder. Continuamos a não aprender a lição?
Continuo a repetir o que disse há mais de 60 anos, pois foi nessa altura que comecei a apagar fogos. Sou um prático, não sou um teórico. Muitas vezes, os teóricos, os experts nunca quiseram ouvir aqueles que, no terreno, foram construindo o seu conhecimento de anos e anos. Fui comandante operacional e tenho uma vasta experiência e disse, durante muito tempo, que o problema da floresta portuguesa era estrutural, era de prevenção.
Por isso, devíamos ter começado logo a fazer o cadastro para definir uma estratégia de planeamento e de ordenamento. É preciso fazer planos de ordenamento territorial, florestal, com cabeça, tronco e membros. Mas o que acontece? Muitas vezes chocávamos com os senhores professores, com os conhecedores e com alguns políticos, nomeadamente na própria Assembleia da República, por onde passei, em que muitos falavam com alguma categoria mas muitos não sabiam o que era um eucalipto ou um chaparro.
Ao longo dos anos foram feitos muito estudos, muitas comissões […]