Sabia que proteger e recuperar os ativos ambientais pode significar ganhos económicos na ordem dos 230 mil milhões de dólares até 2050? O planeta Terra precisa de ecossistemas equilibrados. Qualquer desequilíbrio implica riscos para o ambiente, m as também para a economia e para a sociedade. Porque o ser humano não vive isolado.
O planeta Terra está a perder parte da sua biodiversidade. Um flagelo que se tem acentuado nas últimas décadas, como refere Catarina Grilo, diretora de conservação e políticas da ANP|WWF. Segundo o Living Planet Report 2020, as populações de mamíferos, aves, peixes, répteis e anfíbios sofreram um declínio alarmante de 68% desde 1970. Esta é a média, porque a situação varia de região para região. “Enquanto na Europa observamos um declínio de 24%, na América Latina essa queda na abundância das espécies chegou a 94% desde 1970”, refere a ambientalista. “A biodiversidade dos ecossistemas de água doce está a desaparecer a um ritmo muito mais acelerado do que em qualquer outro tipo de ecossistema. Os números mostram um declínio de 84% destas populações, sendo que as maiores perdas estão concentradas nas espécies de anfíbios, répteis e peixes que habitam estes ambientes”, diz Catarina Grilo.
Só para se ter uma ideia, e de acordo com o relatório do Intergovernmental Science-Policy Platform on Biodiversity and Ecosystem Services (IPBES), lançado em 2019, “cerca de um milhão de espécies de animais e plantas estão hoje ameaçadas de extinção e muitas delas irão extinguir-se nas próximas décadas”. Paulo Lucas, da associação ambientalista Zero, aponta um outro número do relatório: não só o risco de extinção de espécies é cada vez maior, como nos grupos taxonómicos mais bem estudados estima-se que o risco de extinção total tenha aumentado nos últimos 40 anos. O ambientalista refere mesmo que as atividades humanas levaram à extinção de, pelo menos, 680 espécies de vertebrados desde 1500.
A explicação é assustadora. Na proporção de espécies que estão em perigo de extinção, de acordo com os critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), o perigo de extinção anda à volta dos 25% para os diversos grupos de vertebrados terrestres, incluindo os de água doce e marinhos, e também para as plantas. Além disso, mais de 40% das espécies de anfíbios, quase um terço dos corais que formam recifes e de tubarões e espécies afins, e mais de um terço dos mamíferos marinhos estão sob ameaça. No que respeita à estimativa da proporção de espécies de insetos em perigo de extinção, os dados disponíveis apontam para 10%. Estas percentagens indicam que, de um total estimado de 8 milhões de espécies animais e vegetais existentes (das quais 75% são insetos), aproximadamente um milhão está em perigo de extinção.
Maria de Jesus Fernandes, bastonária da Ordem dos Biólogos, explica que, de acordo com os últimos dados da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN, publicados em março do ano passado, existem mais de 142.500 espécies na Lista Vermelha, das quais 40.000 espécies ameaçadas de extinção. O que corresponde a 28% das espécies estudadas.
Riscos sociais e económicos da perda de biodiversidade
O planeta e o ser humano beneficiam de um ecossistema equilibrado. À medida que se perde biodiversidade e esse equilíbrio deixa de existir, com todos os riscos sociais […]