O comandante regional de Emergência e Proteção Civil do Algarve admitiu hoje a hipótese de ter havido situações que não correram bem no combate ao incêndio de Odemira, mas assegurou que tudo será analisado com o fogo extinto.
Ao ser questionado pela agência Lusa sobre um turismo rural que ardeu em São Teotónio, no concelho de Odemira, distrito de Beja, e cuja proprietária diz ter pedido socorro sem que ninguém tenha aparecido, Vitor Vaz Pinto disse não ter ainda elementos para saber se isso corresponde ao que se efetivamente se passou no terreno, mas garantiu que essa análise irá ser feita.
“Foi-me dada a conhecer essa notícia. Trata-se de uma notícia, não sei em pormenor o que se passou, mas compreenderão que, numa área de interesse como esta, que tinha um perímetro de 50 quilómetros, haverá situações que possam ter corrido menos bem. Havemos de aferir o que se passou e depois vamos ver ou não a veracidade dessas declarações”, respondeu o comandante na conferência de imprensa em que deu o fogo como dominado.
Vitor Vaz Pinto sublinhou que o incêndio afetou uma área estimada de 8.400 hectares e que as autoridades irão ter especial atenção à zona sul do perímetro durante a tarde, concentrando-se em atacar qualquer reativação que possa ocorrer.
O fogo, que deflagrou na tarde de sábado na freguesia de São Teotónio e entrou em resolução hoje às 10:15, destruiu a estrutura principal do alojamento de turismo rural Teima.
“Pedi ajuda à GNR e aos bombeiros para nos socorrerem porque percebi que íamos arder. Tivemos de sair do espaço por volta das 13:00 de segunda-feira e às 17:30 estava desesperada sem notícias. Fui por montes e vales e vi que a casa principal estava a arder, e não havia um único bombeiro”, explicou a proprietária Luísa Botelho na terça-feira, em declarações à agência Lusa.
A proprietária do alojamento, localizado em Vale Juncal, contou que chegou a pedir aos operacionais que estavam com três carros de bombeiros na estrada para ajudarem, mas que lhe responderam não terem ordens para isso. Cerca de 80% da unidade acabou consumida pelas chamas.
Luísa Botelho disse não entender porque não foi socorrida quando a 500 metros do local as corporações de bombeiros estiveram a proteger o hotel Enigma.
Durante os dois primeiros dias em que o incêndio lavrava no concelho de Odemira, explicou, a situação esteve mais ou menos tranquila, mas os ventos mudaram de direção.
Na unidade existiam vários animais que, segundo Luísa Botelho, foram protegidos: “Levámos os cães e os gatos e abrimos os portões para os burros e as cabrinhas fugirem. Estão todos bem.”
O incêndio chegou a atingir também os concelhos algarvios de Aljezur e Monchique (distrito de Faro).
Na conferência de imprensa, os presidentes dos municípios explicaram que as chamas destruíram pelo menos duas casas e uma unidade de turismo rural, além de vários anexos, sendo ainda necessário averiguar mais em pormenor os estragos.