A Associação Distrital dos Agricultores da Guarda (ADAG) garantiu hoje que os incêndios florestais deste ano vão ter “impactos dramáticos” na produção de azeite, que “vai ser muito afetada” na região.
“Segundo os relatos que nos chegam diariamente através dos agricultores, os impactos vão ser dramáticos na produção de azeite deste ano e nos próximos cinco/seis anos, porque houve muita área de olival que foi devastada pelos incêndios”, disse hoje à agência Lusa a presidente da ADAG.
Segundo Sandrina Monteiro, os incêndios também destruíram oliveiras centenárias, “que desapareceram completamente”.
“Vamos ter impactos ao nível de produção e outros impactos que são incalculáveis”, disse a responsável, vaticinando que a produção de azeite “vai ser muito afetada” na região.
O concelho da Guarda regista a situação mais preocupante, pois “foi onde ardeu a maior área”.
Algumas freguesias “foram quase devastadas na totalidade das suas produções”, como Gonçalo e Famalicão da Serra, e as chamas também atingiram outras, no vale do Mondego, que são “por excelência” produtoras de azeite.
Para além do setor do azeite, os incêndios também afetaram a apicultura, a pecuária, alguns pomares e vinhas (sobretudo nos territórios de fronteira entre os concelhos de Guarda e da Covilhã, já no distrito de Castelo Branco).
“Já havia grandes problemas a nível de pastagens por causa da seca, [no âmbito] do desenvolvimento vegetativo, e o incêndio [que atingiu a serra da Estrela e cinco concelhos] veio ainda piorar esta situação. Os produtores pecuários estão a atravessar grandes dificuldades”, disse a presidente da ADAG.
Sandrina Monteiro alertou que “os tempos vão ser muito difíceis e muito complicados”, porque os produtores pecuários “não conseguem alimentar os animais”.
Devido à seca, que é transversal a todo o distrito da Guarda, alguns produtores também registam dificuldades na obtenção de água para abeberamento dos animais.
“Se não houver ajudas para repor as áreas que foram afetadas pelos incêndios, ajudas para novas captações de água e ajudas diretas para fazer face a estes primeiros tempos que são mais complicados, vai haver uma grande diminuição de área que vai ser cultivada, porque os produtores não conseguem ter fundos monetários para reconstruir aquilo que foi devastado pelo incêndio”, declarou.
A ADAG ajudou os agricultores associados na apresentação de candidaturas para alimentação animal e está a auxiliá-los na apresentação de declarações de prejuízos dos incêndios junto da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro (DRAPCentro).
A associação tem sede na cidade da Guarda e cerca de 1.300 associados em todo o distrito, com maior incidência nos concelhos de Gouveia, Guarda e Pinhel.
A serra da Estrela foi afetada por um incêndio que deflagrou no dia 06 em Garrocho, no concelho da Covilhã (distrito de Castelo Branco) e que foi dado como dominado no dia 13.
O fogo sofreu uma reativação no dia 15 e foi considerado novamente dominado no dia 17 à noite.
As chamas estenderam-se ao distrito da Guarda, nos municípios de Manteigas, Gouveia, Guarda e Celorico da Beira, e atingiram ainda o concelho de Belmonte, no distrito de Castelo Branco.
Na quinta-feira, o Governo aprovou a declaração de situação de calamidade por um ano para o Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE), afetado desde julho por fogos, conforme pedido pelos autarcas dos territórios atingidos.