Alerta Joaquim Canotilho, criador de gado na Quinta do Noéme, na Guarda.
Por causa da seca e do aumento dos custos de produção há agricultores na Guarda que já reduziram as cabeças de gado. Esperavam apoios à produção, mas as medidas anunciadas pelo Governo não convencem.
Com o aumento dos custos de produção, a redução de 80 ovinos para pouco mais de 20 foi a primeira reação de Joaquim Canotilho, criador de gado na Quinta do Noéme, na Guarda. Os preços dispararam por causa da seca e, mais recentemente, pelos danos colaterais da guerra na Europa.
“Hoje em dia, como está a agricultura, o pouco sucesso que se possa ter tem de se poupar”, garante o criador de gado.
As últimas chuvas do mês de março têm verdejado os campos, mas “se não chover mais, vai ser um mau ano”. A par disso, também o preço de combustíveis e rações duplicou.
“Se não houver uma ajuda à produção, a maior parte dos agricultores tal como eu vão desistir”, afirmou Joaquim Canotilho.
O governo aprovou agora medidas de apoio extraordinário que só vigoram depois de publicadas, tal como a redução no gasóleo agrícola e a isenção do IVA nas rações. O auxílio é bem-vindo, mas quem anda na terra não considera suficiente.
A ração tem um IVA de 6%, se não tivermos que o pagar melhor, só que já ninguém dá ração porque ela custa o dobro do que custava. No princípio do ano, comprava-se uma tonelada quase a metade do preço”, reclama o agricultor.
Vivem-se dias difíceis no interior do país, onde os agricultores dizem que a despesa é mais severa em função da geografia e da orografia. Uma agricultura de minifúndio sem apoios robustos que cada vez mais tem tendência a morrer.
“Antigamente, isto estava tudo cheio de centeio e de batatas. Hoje me dia, não se produz aqui nada a não ser erva para as vacas”, disse.