A ministra da Agricultura e Alimentação, Maria do Céu Antunes, anunciou hoje um aumento do preço da água do Alqueva para regadio, na ordem dos 24%, “bastante mais baixo” do que o previsto em fevereiro.
“É um aumento, mas é um aumento bastante mais baixo em relação àquilo que era expectável”, afirmou a governante, em declarações aos jornalistas no final de uma reunião do Conselho para o Acompanhamento do Regadio (CAR) do Alqueva, em Beja.
Segundo a titular das pastas da Agricultura e da Alimentação, o impacto dos custos da energia no empreendimento de Alqueva “é brutal e implicaria um aumento do tarifário [da água para regadio] em cerca de 140%”.
Porém, salientou, o Governo criou “uma plataforma de equilíbrio” que permitiu que este aumento do tarifário fosse feito “na ordem dos 24%”, o que corresponde à subida do preço em “um cêntimo por metro cúbico”.
O valor inicial para o aumento da água do Alqueva, nos distritos de Évora e Beja, foi apresentado em reunião do CAR de Alqueva, em 01 de fevereiro, tendo gerado, desde então, críticas de associações e federações agrícolas.
Nas declarações aos jornalistas na sede da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), onde decorreu a reunião, Maria do Céu Antunes disse que o tarifário, em vigor desde o início deste mês é aplicado durante um ano.
A ministra adiantou que, ao mesmo tempo, o Governo vai investir cerca de 70 milhões de euros para instalar sistemas solares fotovoltaicos para a produção de eletricidade, em terra ou flutuantes, no empreendimento de Alqueva.
“Para produzirmos energia limpa e, com isso, podermos baixar os custos de produção” e, consequentemente, o preço da água, assinalou Maria do Céu Antunes, que esteve acompanhada pelo secretário de Estado da Agricultura, Gonçalo Rodrigues.
Na reunião de hoje, de acordo com a governante, foi proposto aos agricultores que colaborassem com o Governo na criação de um livro branco para o regadio público.
“Qual é o modelo de governação que queremos para esta utilização da água, que é absolutamente determinante para podermos garantir a competitividade e a sustentabilidade da atividade agrícola”, questionou.
Já António Parreira, da Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo (FAABA), igualmente em declarações aos jornalistas, considerou positivo que o aumento do preço não seja tão alto e que ainda possa vir a baixar no futuro.
No entanto, o responsável queixou-se da falta de diálogo do Ministério de Maria do Céu Antunes com os agricultores para a tomada da decisão e defendeu que esta “não é altura para se anunciar preço” da água.
“Estamos quase a meio da campanha, com as culturas todas efetuadas e os agricultores vão ser confrontados com mais um aumento do preço da água”, frisou, advertindo que “o planeamento da agricultura faz-se no outono, não é em fevereiro ou maio”.
Também o presidente da Associação de Proprietários e Beneficiários do Alqueva (APBA), João Cavaco Rodrigues, criticou o momento para o anúncio do aumento das tarifas em plena campanha, por entender que foi “um bocadinho fora de tempo”.
“É complicado, no meio da campanha, termos que assumir um preço diferente, porque os investimentos e as plantações estão feitas”, acrescentou.