As inspeções aos navios que participam no acordo de exportações de cereais ucranianos pelo Mar Negro foram retomadas hoje após uma pausa de dois dias e enquanto as partes estudam a continuidade do protocolo, anunciaram as Nações Unidas.
Segundo o acordo, estabelecido entre a Ucrânia, Rússia, Turquia e Nações Unidas, todos os navios participantes nesta iniciativa devem ser inspecionados tanto a caminho dos portos ucranianos como nas partidas por especialistas das quatro partes, num processo que ocorre em águas turcas.
Rússia e Ucrânia mantêm divergências sobre o acordo, e nos últimos tempos o ritmo das inspeções diminuiu significativamente, até que no domingo e na segunda-feira houve um bloqueio total, sem que nenhuma tenha sido realizada.
O porta-voz das Nações Unidas, Farhan Haq, disse em conferência de imprensa que a atividade foi retomada hoje com a inspeção de dois navios no Mar Negro.
Segundo Farhan Haq, existem atualmente 26 navios carregados com cereais e outros produtos alimentares à espera em águas turcas para continuar a sua viagem, enquanto – segundo as autoridades ucranianas – outros 62 estão pendentes de autorização para entrar nos portos do país.
O porta-voz acrescentou que a ONU está a trabalhar com todas as partes para tentar facilitar movimentos e inspeções com base em procedimentos acordados, enquanto, paralelamente, continuam as negociações sobre o futuro do pacto.
Hoje, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia anunciou uma reunião de alto nível “em formato quadripartido” na quarta e quinta-feira em Istambul para discutir a continuidade do acordo.
Moscovo criticou a falta de progressos na exportação de produtos agrícolas russos, vertente do acordo que as Nações Unidas prometeram tentar facilitar.
A Rússia denuncia que as suas exportações estão a enfrentar dificuldades, sobretudo devido aos efeitos colaterais das sanções que o Ocidente lhe impôs após a invasão da Ucrânia.
O acordo expira em 18 de maio e a Rússia ameaçou não prorrogá-lo se as suas exigências não forem atendidas.
Segundo dados da ONU, as exportações de cereais e alimentos facilitadas pelo chamado acordo do Mar Negro já estão perto de 30 milhões de toneladas desde que entrou em vigor em agosto do ano passado.