Proprietários da região de Miranda do Corvo e Penela apostam na produção sustentável de eucalipto com o apoio da indústria na gestão florestal.
As boas práticas de gestão são meio caminho para proprietários e produtores tirarem mais rendimento dos seus espaços florestais. Estas passam pela correta preparação do terreno, a escolha da melhor planta e uma adequada manutenção das plantações. É desta forma que os irmãos Batista – Augusto, Horácio, António e José, proprietários florestais – conduzem a gestão das propriedades que herdaram e acrescentaram, na região de Miranda do Corvo e Penela, no distrito de Coimbra.
“O nosso principal rendimento está na floresta”, afirma Augusto Batista, que tal como os irmãos tem uma vida preenchida na floresta. A família já desenvolveu exploração de pinho, que motivou a criação de uma empresa de serração em Vendas de Podentes, em Penela, mas agora apostam, sobretudo, na produção de eucalipto.
Os produtores reconhecem a melhoria da gestão florestal com o apoio de programas como o Limpa e Aduba e o Programa Premium da Navigator. “Acredito que a produtividade pode aumentar 20%”, refere mesmo Horácio Batista.
A escolha pelo eucalipto acabou por ser natural. “É uma boa espécie, porque cresce rápido e tiramos rendimento ao fim de 10-12 anos. O investimento em pinho é caro e o seu rendimento já não vai para os filhos… Se calhar só para os netos”, explica Horácio, referindo-se ao facto de o pinheiro-bravo demorar mais de 40 anos para dar retorno ao proprietário.
Uma indústria que fornece apoio técnico
“Muitos dizem que somos doidos, por andarmos a gastar dinheiro na floresta, mas gostamos de fazer as coisas bem feitas”, acrescenta Horácio Batista. Com o apoio de programas como o Limpa e Aduba e o Programa Premium da Navigator na gestão das suas plantações, o produtor acredita que “a produtividade pode aumentar 20%”.
“Vê-se que as matas estão diferentes e, nas que receberam adubo, as árvores estão maiores. Nos últimos cinco anos só temos plantado clones, pois antes nem sequer sabíamos que havia”, afirma, revelando que foi o primeiro dos irmãos a plantar clones nas propriedades. “Foi em 2015, por via da Soporcel (hoje The Navigator Company), à qual tinha arrendado um terreno.”
Agora é também com o apoio da 2BForest, uma empresa dedicada à certificação florestal, que estes proprietários de Miranda do Corvo e Penela estão a melhorar e desenvolver a sua floresta produtiva. Os irmãos integram o grupo de certificação da 2BForest desde 2017, e, no total, já têm cerca de 290 hectares de floresta certificada.
“Os nossos membros recebem indicações sobre qual a melhor planta e as operações adequadas para a instalação do povoamento, ou como adquirir plantas de qualidade a um preço competitivo”, afirma Gonçalo Silva, coordenador do Polo Centro da 2BForest, que tem escritório em Tábua e na Sertã.
Certificação contribui para valorizar a floresta
“Temos tido uma grande adesão por parte dos proprietários”, prossegue o técnico florestal, destacando a ligação estreita com a indústria, sempre ativa na promoção de programas de apoio à gestão florestal. “Oferecemos estes serviços para as áreas certificadas no nosso grupo, mas também há proprietários que acabam por certificar as suas áreas depois de terem aderido ao Limpa e Aduba ou ao Premium.”
A certificação torna os espaços florestais mais sustentáveis e valorizados, “pois a madeira certificada tem um bónus – quatro euros por m3 –, seja no eucalipto ou no pinheiro-bravo”, diz Gonçalo Silva, da 2BForest.
O técnico da 2BForest defende que a certificação é uma solução para os proprietários que querem desenvolver a sua floresta. “Os membros do nosso grupo recebem apoio técnico e ferramentas para gerirem melhor as suas propriedades, nomeadamente acesso à plataforma ForestSIM, que inclui toda a informação sobre as áreas certificadas, da planta às condicionantes que existem no terreno, passando pelo planeamento da gestão a longo prazo”, adianta.
O resultado é tornar os espaços florestais mais sustentáveis e, ao mesmo tempo, proporcionar maior rendimento. “Não só pelo aumento da produtividade, mas também pela valorização da madeira”, diz Gonçalo Silva, pois “a madeira certificada tem um bónus – quatro euros por m3 –, seja no eucalipto ou no pinheiro-bravo”.
Um incentivo para a limpeza das matas
Augusto Batista acredita que o apoio do Programa Premium na escolha da melhor planta, para uma parcela de 7,2 ha em Pousafoles, “vai valer a pena”, mas também destaca os méritos do Limpa e Aduba: “É bom porque obriga-nos a fazer a limpeza, e ao manter as matas limpas estamos a guardar a floresta e a fazer com que ela cresça mais rápido e não arda.”
“A melhor maneira de diminuir o risco dos incêndios é ter a mata limpa”, concorda Horácio. “Se o fogo puder correr solto, arde tudo, mas se a mata estiver limpa este já não passa com tanta força. Pode arder junto à beira, secar as árvores mais próximas, mas não vai para dentro da mata”, continua o proprietário, apontando outra das vantagens no controlo da vegetação: “O acesso fica mais fácil para os bombeiros que, com os aceiros e as matas limpas, também têm mais facilidade em apagar o fogo.” Apesar dos riscos com o fogo, os irmãos Batista ainda acham que “a floresta vale a pena e o eucalipto também”. António, o mais velho, juntou mais duas parcelas, num total de 9,5 ha, aos terrenos da família apoiados pelo Programa Premium, enquanto Horácio admite que “estes programas trazem mais gente para a floresta”. “As pessoas fazem mais gosto com a floresta tratada e começam a olhar mais pelas matas”, conclui.
O artigo foi publicado originalmente em Produtores Florestais.