O Lago Montbel é um lago brilhante, de um azul turquesa, que se estende por 570 hectares no sudoeste da França, no sopé dos Pirenéus – um paraíso para a vida selvagem, uma fonte vital de irrigação para os agricultores e de água para os rios locais, e um paraíso turístico. Mas, depois do inverno mais seco em mais de seis décadas, é uma sombra do que já chegou a ser.
Níveis de água reduzidos, barcos encalhados, bóias que repousam na terra rachada do leito do lago – a vista atual do Lago Montbel são mais reminiscentes do que se poderia esperar no final de um verão abrasador. Não no final do inverno.
Atualmente com cerca de 28% da sua capacidade, os níveis de água são menos de metade do que é habitual para esta época do ano.
“Na história do lago, criado no início dos anos 80, esta é a primeira vez que a situação está tão grave”, diz Boris Rouquet, agricultor e líder da Federação Nacional do Sindicatos de Agricultores em Ariège, a região onde se situa o Lago Montbel.
O lago já enfrentou tempos difíceis no passado “mas isto é excepcional”, garante Rouquet à CNN.
Esta história de extremos é uma história que se repete um pouco por toda a Europa.
Enquanto nos Estados Unidos, a neve e a chuva que assolaram a Califórnia ajudaram a encher os reservatórios e a aliviar a seca incessante, o inverno tem estado longe de ser amigável em muitas partes da Europa.
Ainda a recuperar do verão do ano passado e da pior seca dos últimos 500 anos, partes do continente registaram níveis tão baixos de neve e chuva que os receios sobre o que pode vir a acontecer aumentam à medida que o verão – e o que se seguirá – se aproxima.
À medida que as alterações climáticas se acentuam, os cientistas dizem que podemos esperar que as secas e as ondas de calor se tornem mais frequentes e mais severas – exercendo uma enorme pressão sobre os recursos hídricos.
As temperaturas no sudoeste de França subiram para 30 graus Celsius na última semana de março, segundo o Météo-France, o serviço meteorológico francês. Foi o dia de Março mais quente registado no país desde 1900, disse a agência. E o início quente do ano está a chegar de mãos dadas com uma precipitação excecionalmente baixa.
Entre Janeiro e Fevereiro, a França teve mais de 30 dias consecutivos sem precipitação significativa – o período mais longo desde o início dos registos, em 1959. Além disso, a queda de neve tem sido muito reduzida, o que significa menos neve para derreter e recarregar os rios na primavera.
Caiu mais chuva em Março, mas não foi nem perto do suficiente. “O Lago Montbel permanece num nível anormalmente baixo”, diz Franck Solacroup, diretor regional da companhia de água Adour-Garonne, que cobre a área que inclui o Lago Montbel, à CNN.
Agricultores como Rouquet, que dependem do lago, estão a ter de tomar decisões difíceis sobre o que cultivar. Alguns deixaram de plantar certas culturas, outros semearam mais cereais, na esperança de que a chuva caia. Os criadores de gado […]