O XXIX Encontro Nacional dos Caçadores Portugueses juntou hoje cerca de 1.000 participantes em Santarém e afirmou o papel do setor na conservação da natureza e no desenvolvimento rural, disse hoje o presidente Federação Portuguesa de Caça (Fencaça).
O dirigente máximo da Fencaça, Jacinto Amaro, fez um balanço do encontro realizado durante a manhã no Centro Nacional de Exposições em Santarém (CNEMA) e disse à agência Lusa que serviu para “comemorar 30 anos de um trabalho árduo” da Federação “em nome do ordenamento e da conservação da natureza, na defesa dos direitos dos caçadores e das espécies cinegéticas”.
Jacinto Amaro destacou que este trabalho tem tido resultados ao longo das três décadas que leva à frente da Fencaça e considerou que a prova disso foi a presença no encontro de “mais de 1.000 pessoas”, entre elas o secretário de Estado da Conservação da Natureza e das Florestas, João Paulo Catarino, os ex-ministros da Agricultura Capoulas Santos, Arlindo Cunha e António Serrano, deputados do PS, PSD e PCP, autarcas ou representantes de institutos públicos que tutelam áreas da floresta e da caça.
“Tratámos toda a matéria de 30 anos, desde a luta para consolidação do ordenamento, desde a consolidação do próprio ordenamento, aos próprios desafios que temos neste momento, como os partidos contra a caça, os animalistas/fundamentalistas, e as questões que se levantam de Bruxelas [na União Europeia], que está cada vez mais ‘verde’, cada vez tenta também impor mais proibições”, afirmou.
O dirigente federativo considerou que a participação no encontro mostrou que o setor da caça “está unido” e acusou ambientalistas e partidos animalistas que se opõem à atividade de “ignorância”, ao negarem o papel que esta desempenha na proteção e no desenvolvimento do mundo rural.
“Entendemos que estamos no bom caminho, embora saibamos que cada vez temos de ter mais formação, mais dedicação, isto não é caçar muito, é caçar bem, preservar, nós somos os últimos garantes do mundo rural, porque, sem ser os agricultores, somos os últimos que estamos ali”, argumentou.
A mesma fonte salientou a caça “tem um valor económico brutal para as regiões do interior”, sobretudo no outono e no inverno, que é um “período de grande carência nos hotéis e restaurantes”.
“E os caçadores colmatam essa brecha. Somos os últimos na defesa do mundo rural, que está cada vez mais despovoado, mais envelhecido, e no dia em que o setor da caça acabar o mundo rural perde, porque se já está despovoado, ainda vai ficar pior”, advertiu, sublinhando que a Fencaça representa “mais de 2.000 entidades gestoras de caça turísticas, municipais e associativas, com 60.000 a 70.000 caçadores associados”.
O presidente da Fencaça assinalou ainda que a caça tem também reflexos nos municípios que albergam zonas de caça.
“Não acredito que haja um autarca contra a caça, porque sabem qual é a importância da caça para os seus territórios”, referiu Jacinto Amaro, salientando também o papel dos caçadores na vigilância a incêndios rurais para afirmar que o encontro de hoje representou uma “vitória” para o setor da caça em Portugal.