A Associação Nacional de Empresas Florestais considera fundamental encurtar para cinco anos o prazo de atualização do Inventário Florestal Nacional, sem o qual diz não ser possível gerir ou planear estrategicamente o setor.
“Não é possível gerir aquilo que se desconhece”, disse à agência Lusa o presidente da Associação Nacional de Empresas Florestais, Agrícolas e do Ambiente (ANEFA), Pedro Serra Ramos, contestando a inexistência de um Inventário Florestal Nacional (IFN) mais atualizado.
O IFN, realizado pelo Instituto da Conservação da Natureza e da Floresta, avalia a quantidade e as condições dos recursos florestais nacionais de Portugal.
É feito desde 1965, sendo os resultados apresentados com uma periodicidade aproximada de 10 anos, segundo a página da internet daquele organismo, no qual os últimos dados publicados datam de 2013.
Trata-se de um prazo “muitíssimo longo” no entender da associação, que, “face às alterações por razões de incêndios, climáticas e outras”, defende que “pelo menos de cinco em cinco anos devia ser feito um inventário florestal”.
Para as empresas, o prazo de 10 anos “é proibitivo” no que toca ao planeamento estratégico do setor florestal: “Ninguém consegue fazer nenhum planeamento desconhecendo quais são as áreas ocupadas pelas espécies, quais são os crescimentos que as espécies têm, onde é que elas estão a dar-se melhor ou pior, onde estão a ser atacadas por pragas e doenças”.
Dois anos após o incêndio de Pedrógão Grande, que provocou 66 mortes em junho de 2017, o presidente da ANEFA reconhece que o combate aos fogos rurais “evoluiu bastante”, nomeadamente em termos da limpeza das áreas florestais, da prevenção da erosão dos solos após os incêndios e no esforço para regular os preços e usos da madeira queimada.
Mas, vincou, trata-se de “um esforço que não tem a ver com a floresta em si”, sendo antes “relacionado com a proteção civil, por um lado, e, por outro lado, relacionado com a preservação do ambiente”.
Já do ponto de vista florestal, o esforço que o setor reivindica com “grande urgência” é no sentido de “rearborizar as áreas que arderam” para fazer face à falta de matéria-prima no mercado.
A associação reivindica igualmente um plano estratégico para a sustentabilidade do setor florestal, lembrando que existe desde 1999 um documento elaborado e entregue ao Governo de então, mas que “ficou fechado numa gaveta”.
“É preciso, de uma forma clara, definir metas e objetivos de arborização, de corte, definir os limites para aquilo que pode ser cortado ou que pode ser arborizado, de uma forma macro, que possa ser aplicado ao país todo”, defendeu Pedro Ramos.
Sem isso, considerou, “não vale a pena andar a lutar contra fantasmas ou contra moinhos de vento, como a dimensão da propriedade ou o proprietário ser uma pessoa ausente”.
Para a associação, não pode haver uma reforma da floresta baseada em “legislação avulsa que vai saindo” e em relação à qual “as pessoas não sabem bem o que fazer”.
A ANEFA representa um universo de micro, pequenas e médias empresas de serviços ligados à floresta, com um volume de emprego correspondente a cerca de 9.000 postos de trabalho permanente e um volume de negócios anual superior a 500 milhões de euros.
Fonte: Sapo.pt