Os chamados ensaios de proveniência (com instalação simultânea de árvores da mesma espécie, mas de diferentes origens geográficas) permitem avaliar a amplitude de respostas da espécie para as características que se pretendam avaliar, aferindo como variam estas características em função da sua área de distribuição natural. Esta informação permite identificar as regiões de proveniência onde se poderão recolher materiais de reprodução mais relevantes para os objetivos propostos.
É comum que os materiais florestais de diferentes proveniências manifestem variação em características adaptativas associadas à sobrevivência – como por exemplo a data da formação dos novos rebentos e o início do seu despontar (para formar novos ramos), bem como o nível de tolerância ao frio ou à secura, características que se refletem no crescimento das plantas.
Na prática, este conhecimento fornece informação para a escolha da origem geográfica dos materiais de reprodução (sementes ou partes de plantas, por exemplo) que serão usados em ações de arborização e reflorestação (a mais curto prazo) ou para iniciar um programa de melhoramento genético (a mais longo prazo).
Por exemplo, ensaios de proveniências estabelecidos nos anos 80 permitiram concluir que o comportamento das proveniências de Eucalyptus globulus do hemisfério norte (Portugal, Espanha e Califórnia) manifestavam uma maior resistência ao frio comparativamente com as populações provenientes da área de distribuição natural da espécie (Austrália). Estes ensaios, dados a conhecer na tese de doutoramento “Estudo da variabilidade geográfica em Eucalyptus globulus Labill”, confirmaram a adaptação das populações exóticas às novas áreas e permitiram uma melhor clareza, suportada pelo conhecimento relativo ao processo de seleção adotado no programa de melhoramento desta espécie.
Paralelamente, outro tipo de ensaios – os ensaios de descendências –, avaliam o desempenho dos descentes de cruzamentos entre progenitores selecionados. Estes trabalhos permitem estimar o grau de controlo genético das características (ou heritabilidade) que se pretendem melhorar, avaliar as diferenças genéticas entre diferentes famílias e o valor genético dos progenitores de uma família, ou seja, o seu valor reprodutivo.
O artigo foi publicado originalmente em Florestas.pt.