A polícia do Zimbabué deteve na quinta-feira 312 pessoas no leste do país por alegada ocupação ilegal de terras comunais, disseram hoje à agência de notícias EFE o advogado dos acusados e a polícia.
“Eles não violaram nenhuma lei. A terra pertence-lhes”, disse à EFE o advogado Lovemore Madhuku, depois de o tribunal de Chipinge, na província de Manicaland, ter libertado os acusados contra o pagamento de uma fiança.
Os 312 arguidos, que alegam que a terra é consuetudinária e pertenceu aos seus antepassados, deverão comparecer em tribunal novamente na terça-feira.
As autoridades do distrito de Chipinge Rura reclamaram a posse do terreno, que tem cerca de mil hectares, para o converter numa zona residencial.
A polícia do Zimbabué confirmou a detenção à EFE, mas não deu mais pormenores. “Posso confirmar que recebi o relatório desse caso”, disse um porta-voz da polícia de Manicaland.
Os problemas relacionados com a propriedade da terra são comuns no Zimbabué, onde o Governo liderado pelo falecido Robert Mugabe expropriou, em 2000, cerca de 4.000 agricultores brancos de terras a que tinham tido acesso na época colonial.
Os agricultores brancos desempenhavam um papel fundamental na economia agrícola, produzindo tabaco, produtos hortícolas e flores para exportação.
A população indígena começou então a ocupar informalmente os campos vazios.