Como em tudo na vida e sempre que as coisas não se encaminham bem, o mau é começar …
Foi o desligamento das ajudas da produção ( direito a receber sem produzir ) iniciado nas Arvenses, nalguns Prémios Bovinos, nos Ovinos ( parcial ), foi o Tabaco, o Algodão, o Arroz, o Açúcar, o Azeite e agora chegou a vez do Tomate para Indústria.
Com os argumentos habituais ( leis do mercado, OMC, etc. e tal ), a Comissão Europeia pôs em cima da mesa Estudos e Propostas que conduzirão ( se os Governos dos Estados-membros forem na conversa ) a mais ” históricos “, RPU e outras modas, agora na OCM das Frutas e Hortícolas .
O Tomate para Indústria é um dos sectores sob ameaça …
Um sector que está Organizado, houve fortes Investimentos, que dá trabalho a muita gente, em que se evoluiu, que produz bem e com qualidade e onde a esmagadora maioria da produção é, depois de transformada, para exportação, corre o risco de ser destruído.
A avançar e ser aprovada esta ” luminosa ” ideia da Comissão Europeia, vai poder-se passar a receber, SEM PRODUZIR, à volta de 3 000 euros ( 600 contos ) por hectare se o desligamento for total ou 1 800 euros ( 360 contos ) se o desligamento for a 60 % .
QUEM VAI BENEFICIAR COM ISTO ?
– Não são, certamente, os muitos pequenos e médios Rendeiros e Seareiros que, sem terra própria, para receber, terão que declarar ao INGA áreas suficientes ou nada receberão …
– Não são, seguramente, os milhares de pessoas que durante 7 ou 8 meses ganham o seu sustento nesta actividade …
– Não é, também, a Indústria nem a Economia Nacional …
Façam-se contas a quem até agora produz ( e tem histórico ) em regadio e terra sua 80 ou 100 hectares de tomate, que fica a dispor desse histórico, arranja, para declarar ao INGA, esses hectares em sequeiro, multiplique-se pelos valores por hectare acima referidos e ver-se-á quem fica a ganhar com este negócio, se for aprovado pelos Governos dos Estados-membros …
Roberto Mileu
CNA – Confederação Nacional da Agricultura