Durante a visita a áreas de pinhal integradas no Parque Natural da Serra de São Mamede, divulgaram-se bons exemplos de gestão de pinheiro-bravo e relembrou-se o potencial subvalorizado que existe na região para a produção da espécie resinosa autóctone.
No passado dia 2 de junho, o ICNF organizou em parceria com o Centro PINUS e a RESIPINUS, a demonstração em campo “Gestão de pinheiro-bravo no Parque Natural da Serra de São Mamede” com a adesão de mais de 30 participantes, incluindo proprietários florestais, prestadores de serviços, técnicos florestais e empresas de transformação de madeira.
A atividade conduzida por Luís Grilo (ICNF), Pedro Teixeira (Centro PINUS) e Marco Ribeiro (RESIPINUS) contemplou a visita a quatro pinhais, inseridos no Parque Natural da Serra de São Mamede (PNSSM).
Os pinhais percorridos demonstravam excelente adaptação à região, evidenciada pela densidade da regeneração natural e pela produtividade, com vários locais com acréscimos médios anuais superior a 12 m³/ha/ano e pela ausência de pragas e doenças.
Nesta área não se verificam alguns dos fatores geralmente identificados como os principais estrangulamentos à gestão e investimento no pinhal privado: o histórico de incêndios é pouco preocupante, existe cadastro e uma propriedade de dimensão média tem 10 a 15 hectares, sendo frequentes dimensões superiores. Ainda assim, a inação do proprietário é a opção de gestão mais frequente e constatou-se durante a visita exemplos de boa e má gestão.
Principiando pelos bons exemplos, visitaram-se dois pinhais em que foi realizado um desbaste que, tendo gerado alguma receita ao proprietário, foi simultaneamente uma operação de gestão do pinhal, reduzindo os riscos e aumentando a produção das árvores de futuro e a receita aquando do corte final. No entanto, esta que é a melhor prática de gestão no sentido técnico e económico, não estará a ser a mais comum entre os proprietários que têm optado por realizar cortes rasos prematuros e também, como vimos num dos locais, a designada seleção negativa, comercializando as melhores árvores numa fase inicial do desenvolvimento do povoamento.
O desconhecimento dos proprietários sobre o potencial de valorização dos seus pinhais será o principal fator de desvalorização deste e de inação. Ainda que esta iniciativa tenha tido precisamente o objetivo de transmitir esta mensagem aos proprietários, expôs uma lacuna de serviços de aconselhamento e de extensão de proximidade.
Durante o percurso observaram-se vários exemplos do caráter pioneiro do pinhal-bravo, com regeneração natural de sobreiros, castanheiros e carvalhos no sub-coberto que, com as intervenções de gestão do pinhal, estão a dar lugar a povoamentos mistos com interesse na promoção da biodiversidade, um dos principais objetivos do PNSSM.
Nesta perspetiva, durante a visita também se abordou a multifuncionalidade do pinhal-bravo, nomeadamente, em outros serviços do ecossistemas e em produtos como a resina que pode gerar até 500 euros por hectare de receitas adicionais.
Entre os presentes ficou claro que o pinhal adulto que existe no PNSSM reúne condições para desenvolver uma ou mais operações de resinagem (em média uma equipa de 4 resineiros necessita de 60 ha). Alertou-se, no entanto, que esta é uma atividade que necessita de persistência e investimento (formação, equipamentos) até atingir a sustentabilidade económica. Um dos fatores que contribuem para o sucesso desta atividade será a capacidade de criar equipas de resineiros locais.
Veja neste episódio do PINUS TV o testemunho de um produtor florestal inserido no PNSSM, em que se apresenta um bom exemplo de gestão florestal de pinheiro-bravo e se recordam as vantagens das intervenções de desbaste em pinhal em termos de ganhos de produção e rentabilidade para o produtor.
Fonte: Centro PINUS