Patrões e empresários dizem que empresas não têm capacidade para acompanhar a subida da inflação. CGTP exige aumento geral dos salários
As confederações patronais consideraram esta segunda-feira que o OE2022 deveria ser menos focado no défice e mais na economia, defendendo que o Governo faça a sua parte perante a perda do poder de compra atuando através da política fiscal.
“As empresas já estão a aumentar os salários, mas não têm capacidade para acompanhar a subida da inflação”, referiu o presidente de Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, notando que neste contexto cabe também ao Governo “fazer a sua parte” atuando ao nível dos impostos sobre as empresas e do lado do IRS.
Falando em Lisboa à saída da reunião da Concertação Social na qual o Governo apresentou aos parceiros sociais as linhas gerais do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), João Vieira Lopes manifestou preocupação que a proposta orçamental se foque no défice.
Face à gravidade do que se passa na economia, “deveríamos ter um Orçamento do Estado agressivo”, disse, que permita às empresas “arrancarem”, referindo ter dúvidas de que “seja prioritário” que este ano haja uma redução do défice “tão grande”.
No Programa de Estabilidade 2022-2026, o Governo estima que o défice recue de 2,8% do PIB em 2021 para 1,9% este ano.
Salientando que perante uma crise desta dimensão (que vem somar-se aos efeitos da pandemia) não há medidas únicas, nem “balas de prata”, o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, referiu que a resposta a esta situação, de forma a mitigar os efeitos, deve passar “por um conjunto de medidas que se interligam”, algumas a serem tomadas no quadro europeu.
Classificando como uma “boa medida” aquela que vai repercutir na redução da taxa do ISP o efeito equivalente à descida do IVA sobre os combustíveis de 23% para 13%, António Saraiva precisou, no entanto, que “não ultrapassa o problema” e que chega tarde.
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“É impossível as empresas controlar a subida da inflação e do poder de compra. É utópico pensar que empresas e o próprio Estado podem mudar este cenário de um momento para o outro. Temos de atrair investimento e reindustrializar o país. A solução passa por reduzir a despesa e não por reforçar os impostos”, acrescentou, à saída da reunião, defendendo medidas “setor a setor” e “região a região”.
Sobre as medidas de mitigação do impacto da subida dos custos da energia e agroalimentares – aprovadas no final da semana passada e esta segunda-feira detalhadas pelo Governo em conferência de imprensa — António Saraiva afirmou que são “bem-vindas”, mas que não evitam o “exponencial aumento de custos”, sendo necessário procurar mais respostas.
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Já o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Eduardo Oliveira e Sousa, adiantou esperar que o OE2022 traga “uma redução efetiva do Imposto Sobre os Produtos Petrolíferos” (ISP).
Sobre as medidas já conhecidas e cujo detalhe se conhece já melhor, como a isenção temporária da taxa do IVA dos fertilizantes […]