A colheita de cereais no Brasil, um dos maiores produtores e exportadores de alimentos mundial, vai diminuir 8% este ano, para 294,1 milhões toneladas, devido ao fenómeno El Niño, segundo previsões oficiais hoje divulgadas.
A última estimativa apresenta números piores do que a divulgada no mês passado, quando a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas foi projetada em 295,6 milhões de toneladas, ou seja, menos 7,6% do que em 2023.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) explicou que a queda deve-se à “forte intensidade” do fenómeno El Niño, que no ano passado influenciou negativamente desde o início da semeadura até a fase de desenvolvimento das culturas nas regiões produtoras do país.
Isso resultou numa queda na produtividade média do campo brasileiro, de 4.072 quilogramas por hectare para 3.744.
O El Niño ocorre em média a cada dois a sete anos e é um fenómeno climático natural associado ao aumento das temperaturas da superfície no centro e leste do Oceano Pacífico tropical, mas que tem efeitos em todo o mundo.
“O comportamento do clima continua sendo um fator preponderante para o resultado final do atual ciclo”, alertou a Conab, órgão ligado ao Governo brasileiro.
Neste contexto, a produção de soja deverá registar uma quebra de 5,2%, para 146,5 milhões de toneladas, devido à “pouca chuva e temperaturas acima do normal” no centro-oeste e sudeste do país.
A produção de milho no Brasil deverá atingir 111 milhões de toneladas, menos 16% do que na campanha anterior.
O arroz será um dos pontos fortes deste ano, com um aumento de 5,3% da produção, a par do algodão e do feijão.
O setor agrícola é um dos motores económicos do Brasil, a maior potência da América Latina, e o seu impacto foi fundamental no ano passado para que o país superasse as expectativas e crescesse 2,9%.
No entanto, o Banco Mundial estimou na quarta-feira que a economia brasileira deverá desacelerar este ano, em relação ao ano passado, para 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB).