Em Março de 2021, os produtores de leite portugueses receberam, em média, apenas 29,9 cêntimos por kg de leite, o pior preço do leite entre todos os países da União Europeia, segundo os dados do Observatório Europeu do Leite. Cinco cêntimos abaixo da média comunitária! Um preço que estrangula os produtores portugueses e nos deve envergonhar a todos!
É do conhecimento geral que nos últimos meses as matérias-primas para o fabrico das rações das vacas subiram exponencialmente, sem perspetiva de descida a curto prazo. Estimamos que só isso tenha provocado um aumento no custo de produção entre dois a três cêntimos por litro de leite. Isto é muito grave porque a margem dos produtores era já muito reduzida ou quase nula, tal como a APROLEP alertou ao longo dos últimos anos. Recebemos o mesmo preço há 20 anos e suportámos o aumento do custo da energia, da mão de obra e de todos os fatores de produção. Com o preço do leite congelado, estamos a presenciar atrasos de pagamentos, desânimo e revolta entre os nossos associados, cujas consequências não podemos antecipar.
Perante esta crise que aumenta no setor leiteiro e o silêncio de governantes, industriais e empresas de distribuição, é nosso dever perguntar desde já:
A Senhora Ministra da Agricultura e o Senhor Secretário Regional da Agricultura dos Açores estão disponíveis para trabalhar em conjunto com o setor leiteiro para ultrapassar a miséria do atual preço do leite nos Açores e em Portugal continental?
Estão as empresas de distribuição disponíveis para atualizar com urgência o preço do leite e produtos lácteos aos seus fornecedores?
Está a indústria disponível para repercutir esse aumento às cooperativas e produtores?
Estão as cooperativas, uniões de cooperativas e empresas privadas disponíveis para reduzir os seus custos de administração e passar mais valor para o produtor?
A APROLEP manifesta desde já o seu interesse e disponibilidade para reunir com todos os envolvidos no sentido de encontrar soluções urgentes para a atual crise, sob pena de aumentarem ainda mais as dívidas, as falências, o abandono da produção e a revolta dos produtores.