A recente conferência da Vida Rural que organizámos na Herdade da Lisboa, na Vidigueira, foi um momento de partilha onde ficou bem patente o enorme trabalho que o setor está a fazer na área da sustentabilidade.
São pequenas alterações, pequenos investimentos, pequenas inovações. Mas que todos somados dão grandes mudanças. E com isto não digo que o caminho seja linear ou fácil. Mas para começar é preciso descomplicar e estar disponível para aprender. E talvez este último ponto seja o mais importante: a aprendizagem. E num setor como o agrícola, com enormes especificidades em função de climas, solos, castas e modos de produção, a curva de aprendizagem é longa para que se possam retirar conclusões sólidas. E com a noção de que não há receitas mágicas, nem replicáveis, para todos os contextos. Daí a importância de estar comprometido e ter a noção de que nem tudo o que se testa dá certo, e que dar um passo atrás antes de voltar a avançar também faz parte do processo.
“Encaro com otimismo a capacidade dos empresários agrícolas nacionais de fazer a transição ecológica sem sobressaltos. Porque estão interessados, porque percebem os ganhos ambientais e de rentabilidade. Porque estão a garantir o futuro. E se não bastasse, porque são verdadeiramente capazes de o fazer.”
A sustentabilidade é, como costumo dizer, um saco de gatos. Tudo (ou quase tudo) cabe lá dentro e a confusão de conceitos é enorme. Agricultura de conservação? Regenerativa? Biológica? Biodinâmica? De precisão? Uma parte disto ou o todo?
Gosto de pensar que a melhor de todas é mesmo a Agricultura do Bom Senso. A que procura as melhores práticas, a que respeita a capacidade produtiva e financeira dos agricultores, a que promove a regeneração dos sistemas, a que respeita as pessoas. Ah… dirão, mas isso é utópico. Não é, e os exemplos são cada vez em maior número, felizmente.
Encaro com otimismo a capacidade dos empresários agrícolas nacionais de fazer a transição ecológica sem sobressaltos. Porque estão interessados, porque percebem os ganhos ambientais e de rentabilidade. Porque estão a garantir o futuro. E se não bastasse, porque são verdadeiramente capazes de o fazer. Seria mais fácil com outro tipo de apoios e com uma política agrícola eficiente e coerente? Sim, seria. Mas, se estivessem à espera disso, nada aconteceria.
Votos de um excelente 2024 para todos! E que nunca deixemos de #agricultarcomorgulho
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.