O sector enfrenta um ano terrível. A seca está a penalizar a produção de mel e há regiões onde a quebra chega aos 90%. Os apicultores estão “desesperados” e muitos admitem desistir. Queixam-se da falta de apoios directos.
A apicultura vive um momento crítico em Portugal. O panorama tem vindo a deteriorar-se nos últimos anos e o sector está a atravessar, em 2023, o pior ano de que os apicultores contactados pelo NOVO se lembram. O factor que mais tem penalizado a produção de mel tem sido o climático, com a seca a ter consequências desastrosas. O número de colmeias passou de 700 mil para 630 mil, como revelou a Federação Nacional dos Apicultores de Portugal (FNAP). “Em seis dos últimos dez anos tivemos uma reprodução mais ou menos estabilizada, com uma média nacional de 13 quilos de mel por colmeia. Nos últimos quatro anos houve uma diminuição. Este ano estamos com uma média na ordem dos três, quatro quilos de mel por colmeia. É uma quebra brutal”, diz ao NOVO Manuel Gonçalves, presidente da FNAP.
Segundo os registos da federação, em Portugal há 11 mil apicultores, sendo 80% do efectivo das colmeias detidos por 20% dos produtores. Num ano de produção normal, um apicultor com 300 colmeias e uma produção média de 11 quilos de mel por colmeia conseguia ter um rendimento líquido entre os 900 e os 1.000 euros. Actualmente tem um prejuízo de 10% no rendimento e encara custos acrescidos na produção na ordem dos 30%, 40%.
Para muitos apicultores, o cenário de desistência da actividade está em cima da mesa. […]