Colaboração: Portugal tem fraca capacidade em transferir conhecimento desenvolvido em ambiente académico
Universidades, centros de conhecimento, associações sectoriais, clusters temáticos e empresas representam o circuito do conhecimento e são responsáveis pela produção da inovação, cujo grande desafio é chegar a quem dela necessita para resolver os problemas com que os negócios se debatem. Nunca como agora é produzido tanto conhecimento, apesar da enorme quantidade que se perde com a falta de comunicação e de colaboração, que ainda não foi ultrapassada. Fazer a ponte entre quem necessita do conhecimento e quem o produz é, aliás, a maior falha e também o maior desafio apontados pelos participantes na conferência “Como Transferir Conhecimento”, promovida pela Timac Agro, com o apoio do Expresso, que decorreu esta semana.
“Estamos num tempo de inteligência coletiva”, apontou Assunção Cristas. Para a ex-ministra da Agricultura, keynote speaker nesta conferência, a concretização do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 17 — Parcerias para o Desenvolvimento é tão necessária como urgente, uma vez que, defende, sem cocriação e colaboração não será possível diferenciar e projetar o país além-fronteiras.
Mas o desafio que se coloca de forma premente a Portugal é transversal a toda a Europa. “Estamos a ganhar o campeonato da investigação científica, mas não estamos bem no campeonato da competitividade”, afirma Emídio Santos Gomes. Ainda assim, a transferência do conhecimento científico é, por cá, mais difícil do que noutros Estados-membros da União Europeia (UE), reforça o reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), que participou no primeiro painel de debate. “Apenas 6 ou 7% dos doutorados são integrados no sector empresarial, enquanto a média europeia sobe para os 40%”, revela.
Dados que apontam um longo caminho de mudança para o país, que reforça a importância do trabalho conjunto entre os players do circuito do conhecimento, sendo certo que o número de doutorados em Portugal cresceu exponencialmente entre 2007 e 2015, de acordo com o “Relatório síntese dos resultados das avaliações do Portugal 2020”, divulgado no mês passado pela Agência para o Desenvolvimento e Coesão (AD&C). Neste período doutoraram-se 17 mil pessoas, um número elevado face aos 14 mil doutorados nos 46 anos anteriores.
Falta de inovação mata
Sendo Portugal reconhecidamente um país rico na produção de conhecimento, como aliás é referido pelos participantes em ambos os painéis do debate, não faz sentido […]