O secretário regional da Agricultura e Desenvolvimento Rural dos Açores afirmou hoje que a agricultura açoriana “vai beneficiar a humanidade” com a passagem para um modelo que contribua para a neutralidade carbónica.
A criação de um Grupo de Trabalho para a Neutralidade Carbónica vai permitir “preparar uma melhor utilização dos próximos fundos comunitários”, defendeu o responsável pela tutela, António Ventura, citado em nota de imprensa.
À Lusa, o governante, que preside à Comissão de Acompanhamento para as Alterações Climáticas para a Agricultura, explicou que este “grupo de trabalho técnico vai identificar e qualificar aquilo que podem ser as oportunidades para a agricultura açoriana para a neutralidade carbónica”.
O grupo é constituído por técnicos da Secretaria da Agricultura e Desenvolvimento Rural, da Secretaria Regional do Ambiente e Alterações Climáticas, da EDA (Eletricidade dos Açores), “no âmbito das energias renováveis” e da Federação Agrícola dos Açores.
O secretário regional explicou que, “para emitir [dióxido de carbono] há uma quota mundial, e para emitir é preciso comprar a algum sítio que as limite”.
“Queremos que seja a agricultura açoriana a emitir esse crédito de carbono”, prosseguiu.
Para que isso aconteça, estão a ser estudadas opções como as “cortinas de abrigo”, ou seja, a plantação de árvores nos limites dos terrenos agrícolas, que trazem “benefício na questão da conservação do solo, da água e do bem-estar animal, e têm também efeito da retenção de carbono”.
Importa agora, “perceber quanto é que cada árvore pode reter” e “quantificar por exploração”, para que os agricultores possam beneficiar desse mercado.
Em estudo está a utilização de criptoméria, que poderá, “mais tarde, dar madeira para o agricultor”, adiantou o governante.
Com a implementação deste projeto, “a agricultura açoriana vai beneficiar a humanidade”, garantiu António Ventura.
Os Açores aprovaram, no final de 2019, o Programa Regional para as Alterações Climáticas (PRAC).
A Comissão de Acompanhamento para as Alterações Climáticas para a Agricultura integra os principais parceiros socioeconómicos setoriais e pretende “contribuir para a formulação das opções regionais no âmbito de um Plano de Ação para a Agricultura e Florestas, que, por sua vez, deve integrar as medidas relativas ao Programa Regional para as Alterações Climáticas”, destaca a nota.
O Plano de Ação “deve também estar alinhado com a Política Agrícola Comum para o período 2021-2027 e ajudar a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, contribuindo, simultaneamente, para a melhoria da eficiência das explorações agrícolas e florestais e para o reforço da segurança alimentar”.