A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), do Brasil, criticaram hoje os mais recentes desenvolvimentos do acordo entre União Europeia e Mercosul, dizendo que “afetará os agricultores dos dois lados”.
“A CNA e o MST consideram de enorme gravidade os desenvolvimentos mais recentes das negociações do Acordo UE – MERCOSUL que, relativamente à produção de alimentos, afetará os agricultores dos dois lados do Atlântico ao fomentar ainda mais o agronegócio internacional, em prejuízo de quem trabalha a terra e dos consumidores”, afirmaram as duas associações num comunicado conjunto, após uma reunião realizada em Coimbra.
As duas delegações abordaram ainda a “difícil situação vivida, decorrente da escalada especulativa dos preços na produção”, bem como dos baixos preços pagos aos produtores e os entraves ao direito à terra pela agricultura familiar e dos trabalhadores sem terra.
Neste âmbito, condenaram a “criminalização de organizações camponesas e seus membros” e mostraram-se solidárias com “todos os que lutam pelo direito a produzir”.
CNA e MST registaram ainda que os objetivos propostos para a Cimeira dos Sistemas Alimentares da Organização das Nações Unidas (UNFSS+2), que decorre em Roma, Itália, “acentuam uma deriva que visa condicionar ainda mais a função dos Estados no que diz respeito à alimentação”, o que pode abrir caminho “ao aumento do poderio das grandes corporações internacionais do agronegócio, fazendo depender da sua ganância em maximizar lucros, os direitos de produtores e de consumidores”.
As duas organizações, que integram a internacional La Via Campesina, insistiram, também, na “sua determinação” para a implementação da Declaração das Nações Unidas dos Direitos dos Camponeses e Outras Pessoas que trabalham em áreas rurais (UNDROP).