A Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões – ou Adega de Pegões, para simplificar – nasceu de um projecto de povoamento da paisagem rural e é hoje um dos maiores produtores de vinho do país. Descobri-la é tomar a escala a essas duas dimensões.
Há produtores de vinho com longos historiais familiares para contar a quem os visita. Outros têm títulos de nobreza a abrilhantar a narrativa, palacetes, livros de visitas assinados por reis, duques e outros que tais. A Adega de Pegões não tem nada disso. Aqui, a história cruza-se com a do Estado Novo e essa herança é assumida sem preconceito nem exaltações ideológicas de qualquer espécie. Ergueu-se do suor de quem trabalhava a terra, e é esse o brasão da Adega de Pegões.
Jaime Quendera, enólogo e gerente, puxa o fio da linha cronológica no primeiro minuto da visita. “Conhecem a história do colonato?” A origem daquilo que é hoje Pegões remonta a um projecto salazarista de fixação de população rural e reorganização da propriedade agrícola. Dos sete colonatos criados nas décadas de 1930 a 1960, este foi o único a sul do Tejo e desbravou os 7 mil hectares da Herdade de Pegões […]