Pedro Pinto, gestor florestal, reclama mais investimento na floresta, para a fazer crescer e desenvolver-se no futuro.
Pedro Pinto é um gestor que vê na floresta um potencial de desenvolvimento social e económico. “A floresta tem de ser vista de uma forma global, de futuro”, afirma o sócio-gerente da Cortitrans – Sociedade de Madeiras e Transportes, considerando fundamental “pensarmos a floresta para amanhã, para a fazer crescer e desenvolver-se”.
Empresa especializada na exploração florestal e transporte de madeira, a Cortitrans tem 22 anos de existência e divide a sua atividade pelas fileiras do eucalipto (na época primavera-verão) e pinho (no resto do ano), com raio de ação na zona Centro (tem a sua sede em Penacova) e uma faturação que cresceu para 3,5 milhões de euros em 2020.
“Somos PME Líder e PME Excelência, certificados pelo FSC® e pelo PEFC™ e, por isso, trabalhamos com rigor”, afirma Pedro Pinto, justificando a aposta que a empresa tem feito na formação dos seus colaboradores. “Empregamos diretamente 11 pessoas e juntamos alguns subempreiteiros, para um total de 20 operacionais em épocas sazonais. Temos uma equipa jovem, com média de idades entre os 25 e os 45 anos, e investimos na sua formação, seja na exploração, seja na segurança, para continuarmos a crescer nesta atividade e deixar uma marca positiva na sociedade”, acrescenta.
Espaço rural sem investimento público
A aposta empresarial da Cortitrans olha para a floresta com uma perspetiva de futuro. “Nos últimos anos temos investido em maquinaria nova, melhores condições de segurança para os nossos funcionários, mas sobretudo para que as coisas funcionem como deve ser nesta atividade”, refere Pedro Pinto, acrescentando que “o trabalho no setor florestal é difícil, por vezes com muito calor, outras vezes à chuva. Mas temos crescido e até criámos mais postos de trabalho em 2020”.
No entanto, o panorama florestal ainda está longe de ser ideal, sobretudo por causa da “ausência de uma política de investimento no espaço rural”. “A nossa floresta tem sofrido muito e quem anda nesta atividade não vê aplicadas as políticas anunciadas pelo Estado”, prossegue o gestor, defendendo que os agentes da floresta, porque conhecem o terreno, têm de começar a ser ouvidos. “A floresta abandonada não vai dar-nos riqueza”, sublinha.
“A nossa floresta tem sofrido muito e quem anda nesta atividade não vê aplicadas as políticas anunciadas pelo Estado”, afirma Pedro Pinto, reclamando mais voz para os agentes da floresta.
No final de 2020, a Cortitrans efetuou o corte de um pinhal do ICNF, com mais de 100 hectares, numa operação que visou retirar cepos e criar uma área de retenção para impedir a expansão do nemátodo do pinheiro. “O resto da área ardeu em 2017 e continua aqui ao abandono”, adianta Pedro Pinto, reclamando pela falta do investimento de dinheiros públicos na floresta. “Se continuarmos assim, o que vão fazer estas pessoas daqui a meia dúzia de anos?”
O artigo foi publicado originalmente em Produtores Florestais.