A “Água na Agricultura” é o tema da 57.ª Feira Nacional da Agricultura (FNA), que este ano regressa a Santarém num formato misto, depois de não se ter realizado em 2020 devido à pandemia, anunciou hoje a organização.
O primeiro-ministro, António Costa, vai abrir a FNA no dia 09 de junho e a feira vai ficar de portas abertas até dia 13, quando recebe a visita do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O certame, que decorrerá em formato misto, presencial e nas plataformas digitais, terá menos cerca de 40% de expositores e sem espetáculos musicais, indicou a organização na apresentação da FNA, que decorreu no Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA).
Na altura, foi ainda anunciado que serão tomadas medidas de segurança e serão feitos testes à covid-19, e que a edição deste ano da FNA representa um investimento na ordem dos 400 a 500 mil euros (menos 60% do orçamento de 2019), aguardando-se entre 40 a 50 mil pessoas (cerca de um quinto do público habitual).
A 57.ª Feira Nacional de Agricultura (FNA) / 66.ª Feira do Ribatejo foi apresentada hoje, em conferência de imprensa, por Luís Mira, administrador do CNEMA e secretário-geral da Confederação dos Agricultores Portugueses (CAP), que organiza o certame.
Aos jornalistas, Luís Mira destacou que “o alívio das medidas restritivas associadas à covid-19 (…) tornou possível a sua concretização este ano”.
“O desafio da Água é fulcral para a agricultura e é um tema que preocupa todos os cidadãos. No momento em que se discutem tanto as alterações climáticas, em que precisamos de gerir cada vez melhor este recurso escasso e precioso que é a água, a organização entendeu colocar a água na discussão central da FNA”, disse Luís Mira, justificando a escolha do tema deste ano.
Segundo o gestor, “a utilização da água é um fator determinante na capacidade produtiva de toda a agricultura”, tendo feito notar que “foram criados muitos mitos em torno do consumo deste recurso” pela agricultura tradicional, que “gastaria muita água” e que “a agricultura moderna tem uma utilização mais eficiente da água”.
Durante a FNA vão ser realizados debates que têm temas como “Biotecnologia: da Agricultura à Bioeconomia”, as “Alterações climáticas e novos problemas fitossanitários”, “Desafios para o setor agroflorestal nacional, os jovens agricultores e a Agricultura como setor de futuro”, “Alqueva e agroindústria” e a “Importância da Água na Agricultura’, a par duma Conferência Ibérica sobre a Política Agrícola Comum (PAC), entre outros.
Luís Mira disse ainda que o certame regressa “renovado e mais abrangente” com o novo formato digital – a eFNA, “desenhado para modernizar e expandir toda a dinâmica comercial e cultural do setor”.
A eFNA, notou, “é um modelo de feira digital, extensão e complemento natural da feira física”, que “vai passar a proporcionar aos visitantes e expositores uma interação transversal a todo o ano, 24 sobre 24 horas”, e através do qual será possível percorrer o recinto e descobrir os expositores presentes, visualizar e interagir em iniciativas com diferentes temáticas.
A FNA inclui uma exposição de maquinaria e uma mostra de raças autóctones nacionais, de equinos, caprinos e ovinos, tendo também um espaço reservado a várias organizações do setor como associações, cooperativas agrícolas, instituições e equipamentos.
O evento inclui ainda atividades com campinos, toiros e cavalos, gastronomia, e prova de produtos como azeites, queijos, vinho, enchidos, doces, mel, entre outros, mantendo-se a parceria com a CP, que assegura um desconto de 30% na compra de viagens de ida e volta, mediante apresentação do comprovativo de participação no evento, sendo o percurso entre a estação de Santarém e o recinto da feira assegurado em ‘transfer’ rodoviário.
A organização do evento assegurou a “utilização de painéis solares, a reciclagem de papel e plástico e o fim dos copos descartáveis” numa lógica de diminuição da pegada ambiental.
A Feira Nacional da Agricultura teve a sua primeira edição em 1964, associando o seu nome à Feira do Ribatejo, iniciada 10 anos antes no Campo Emílio Infante da Câmara, no planalto de Santarém.
O crescimento do certame, sobretudo a partir dos finais da década de 1970, levou à criação de um espaço próprio, num terreno com 64 hectares, na antiga Quinta das Cegonhas, onde passou a realizar-se desde 1994, sempre em junho.