No âmbito do Dia Nacional da Água que se assinala amanhã, dia 1 de outubro, a ZERO lança um apelo à sociedade e aos decisores políticos para a necessidade de uma mudança urgente e sustentável na gestão dos recursos hídricos em Portugal. Aproveitando a oportunidade para divulgar o webinar “Desafios e Soluções para a Gestão da Água em Portugal”(1) que acontecerá amanhã, dia 1 de outubro pelas 18h30, e o mini-documentário “Soluções Hídricas: Transvases, necessidade ou ilusão” que será exibido durante o evento, a ZERO pretende abrir o debate e mobilizar a sociedade a refletir sobre algumas das “soluções” mais debatidas – nem sempre as mais sustentáveis.
Desafios críticos da Gestão da Água em Portugal
Entre os principais desafios estão:
- Secas prolongadas e frequentes que têm conduzido a uma situação de escassez hídrica na região sul do país, com impactos profundos na agricultura, biodiversidade e abastecimento de água;
- Sobre-exploração dos recursos hídricos: o uso descontrolado, sobretudo em práticas agrícolas e no setor turístico, esgota os aquíferos e aumenta a vulnerabilidade do sistema;
- Degradação da qualidade das massas de água: a poluição, em grande parte decorrente da agricultura intensiva, compromete a qualidade das águas superficiais e subterrâneas.
Portugal enfrenta uma crise hídrica, amplificada pelas alterações climáticas e pela má gestão dos recursos. As secas e a escassez hídrica, especialmente no Sul, amplificadas pela exploração intensiva para agricultura e turismo, e a degradação dos ecossistemas aquáticos são apenas alguns dos problemas que pressionam o equilíbrio hídrico do país. O mini-documentário, que será apresentado e discutido no webinar, expõe algumas dessas questões, destacando os riscos de soluções controversas, como os transvases, criando uma “autoestrada” da água pelo interior do país, e a necessidade de novas barragens.
Transvases e a Autoestrada da Água: Soluções ou Riscos?
Propostas como a transferência de água entre bacias hidrográficas e a construção de novas barragens podem desequilibrar os ecossistemas e aumentar a competição por recursos hídricos escassos. O plano de uma autoestrada de água para transferir recursos até o Algarve levanta sérias questões quanto à sua viabilidade ecológica e económica, o que tem levado a ZERO a questionar se tipo de soluções não serão um importante contributo para novas dependências hídricas, levando a conflitos regionais pelo uso da água e colocando em risco o futuro dos ecossistemas e da segurança hídrica.
Propostas da ZERO para uma Gestão Sustentável da Água
A ZERO acredita que uma abordagem integrada e sustentável pode oferecer respostas reais à crise hídrica. Entre as soluções que tem vindo a defender estão:
- Eficiência no uso da água:
- Setores urbano e agrícola: o setor agrícola, responsável pelo maior consumo de água no país, enfrenta perdas de aproximadamente 35%, enquanto o setor urbano enfrenta perdas na ordem dos 30%. Reduzir essas perdas é essencial para assegurar tanto a sustentabilidade ambiental quanto a viabilidade económica destes setores.
- Custos e distribuição equitativa: é crucial garantir que os custos dos serviços de água sejam distribuídos de forma justa entre todos os setores, de acordo com os princípios de sustentabilidade. Isso inclui a aplicação dos conceitos de “poluidor-pagador” e “utilizador-pagador”, conforme estabelece a Diretiva-Quadro da Água.
- Circularidade da água:
- Reutilização e recarga de aquíferos: a reutilização de águas residuais para fins não potáveis é uma estratégia central para aumentar a eficiência no uso da água. A recarga de aquíferos com água reciclada também representa uma oportunidade para otimizar o ciclo hídrico, contribuindo para a sustentabilidade das reservas subterrâneas.
- Agricultura sustentável:
- Práticas agrícolas adaptadas: é essencial promover práticas agrícolas menos dependentes de água, assim como incentivar a adoção de culturas mais adequadas às condições ao clima e ao solo locais, favorecendo uma agricultura mais resiliente e sustentável.
- Preservação e restauro de ecossistemas aquáticos:
- Proteção de áreas de recarga e soluções baseadas na natureza: a proteção das áreas de recarga de aquíferos e a implementação de soluções baseadas na natureza são fundamentais para preservar e restaurar ecossistemas aquáticos, garantindo o equilíbrio dos ciclos hídricos.
- Monitorização contínua e aprimorada:
- Qualidade e quantidade da água: A monitorização contínua da quantidade e da qualidade das águas superficiais e subterrâneas é vital para uma gestão eficaz e proativa dos recursos hídricos. A recolha de dados atualizados permite decisões mais informadas e uma resposta mais eficaz a crises, como períodos de seca e escassez hídrica.
Fonte: ZERO