A produção da silvicultura diminuiu 0,7% em volume e aumentou 1,6% em valor em 2021, em resultado do decréscimo do volume da produção de cortiça e dos serviços silvícolas e de exploração florestal, divulgou hoje o INE.
Já segundo as Contas Económicas da Silvicultura do Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2021 o Valor Acrescentado Bruto (VAB) da silvicultura recuou 1,8% em volume, mas aumentou 0,7% em valor, variação “determinada pelo efeito conjugado de um decréscimo da produção (-0,7%) e um acréscimo do consumo intermédio (1,5%)”.
Por sua vez, o peso relativo do VAB da silvicultura na economia nacional manteve-se em 0,4%.
O INE destaca que, em termos estruturais, a madeira para triturar se mantém como o produto com maior importância relativa desde 2005-2009 e que em 2021 atingiu uma quota de 41,4%, à frente da cortiça (24,4%), madeira para serrar (20,2%) e outros bens (14,1%).
A madeira para triturar, essencial como matéria-prima da indústria da pasta de papel e para o fabrico de aglomerados teve um aumento de 5,3% em volume e de 9,5% em valor, “evidenciando alguma recuperação face aos decréscimos observados nos últimos anos” e com o preço a subir 4,0%.
A produção de madeira para serrar aumentou, por sua vez, 7,3% em volume e 21,0% em valor, num segmento que recuperou depois de duas diminuições consecutivas e é sobretudo constituído por pinheiro-bravo.
“Dada a tendência de declínio da floresta de pinho em Portugal, a oferta desta madeira não tem sido suficiente para suprir as necessidades da indústria e os preços têm aumentado (12,9%, em 2021)”, acrescenta o INE.
No caso da produção de madeira para energia – que inclui ‘pellets’, ‘briquets’ e lenhas tradicionais –, esta aumentou 2,8% em termos reais e os preços 3,0%, “refletindo a procura crescente destes produtos”. Estes valores traduziram-se num crescimento em termos nominais de 5,9%.
No total destas três modalidades de produção de madeira, o volume aumentou 5,5% e o valor 12,1%.
Já a cortiça “manteve, em 2021, a tendência de decréscimo em volume registada desde 2018 (-14,7%), enquanto em termos nominais a redução foi mais expressiva (-17,4%)”, segundo o INE. Por sua vez, os preços recuaram 3,2%, “em resultado da menor qualidade da cortiça”.
Por fim, a produção de serviços silvícolas caiu 2,5% em volume e 1,4% em valor, invertendo o crescimento registado no ano anterior.
“A florestação e reflorestação tem vindo a decrescer, em volume e valor, desde 2015. Porém, após os grandes incêndios florestais de 2017, a produção de outros serviços silvícolas e de exploração florestal tem registado aumentos significativos”, explica o INE.
Um dos outros pontos analisados pelo INE diz respeito às ajudas pagas à atividade silvícola, que aumentaram 7,6% “após dois anos consecutivos de decréscimos”. Este ponto inclui subsídios ao produto, transferências de capital e outros subsídios à produção – estes últimos que aumentaram 39,4%.
A formação brutal de capital fixo (FBCF) baixou em volume 1,5% e em valor 1,0% devido à componente de florestação e reflorestação – plantações de sobreiro, de pinheiro manso e de eucalipto –, que “apresentou diminuições significativas (-11,1% e -10,7% em volume e valor, respetivamente)”, enquanto o FBCF em produtos não florestais aumentou em volume (7,8%) e em valor (8,5%).
O rendimento empresarial líquido cresceu 0,3%, para 576,05 milhões de euros, depois de recuos em 2019 e 2020, mas ainda longe dos rendimentos acima dos 700 milhões de euros registados entre 2013 e 2015.
No panorama internacional, o peso relativo do VAB da silvicultura no VAB nacional em 2020 – último ano com informação disponível – coloca Portugal no 10.º lugar entre os 27 Estados-membros da União Europeia, à frente de outros países com características mediterrânicas, como Espanha, Itália ou França (todos com 0,1% de peso relativo).
Entre os países com maior importância relativa da silvicultura na economia estavam Finlândia (2,0%), Letónia (1,9%) e Estónia (1,1%).
Em VAB de silvicultura por área de floresta, Portugal apresentava um valor de 247 euros por hectare, colocando-se em quinto lugar, à frente de Finlândia (181 euros por hectare), Suécia (114 euros) ou Espanha (49 euros).